O globo, n. 31818, 17/09/2020. País, p. 7

 

Líder do governo é alvo de operação do MP no Paraná

Dimitrius Dantas

17/09/2020

 

 

Ricardo Barros é investigado em suposto esquema de corrupção quando era secretário no governo Beto Richa; ele nega

 O líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PPPR), foi alvo de uma operação do Ministério Público (MP) do Paraná, com apoio da Polícia Civil, ontem. Os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão em um escritório ligado ao parlamentar em Maringá (PR). Os investigadores apuram um esquema de corrupção quando Barros era secretário do governo paranaense, na gestão do tucano Beto Richa.

Por esse motivo, apesar de Barros ser deputado federal, a operação ocorre em âmbito estadual. A investigação começou com a delação de dois executivos da Galvão Engenharia e foi remetida para a primeira instância pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os executivos admitiram que pagaram mais de R$ 5 milhões ao deputado entre 2011 e 2014. Barros assumiu em 2010 a secretaria de Indústria e Comércio do governo de Richa. O ex-governador foi preso três vezes após investigações de desvio de dinheiro na área de educação.

Boa parte do dinheiro da empreiteira, segundo as investigações, foi pago por meio de doações para o diretório do PP no Paraná. Entretanto, R$ 1,5 milhão teriam sido pagos em espécie para supostos intermediários do deputado.

De acordo com a delação, Barros teria sido intermediário da aquisição, pela Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, de uma empresa especializada em energia eólica, de propriedade da Galvão. O deputado federal teria pedido R$ 1 milhão de propina e 1,5% dos valores que a Copel aportaria na empresa.

O GLOBO apurou que os investigadores não apenas citaram a delação dos executivos como dizem ter evidências de que Barros estava em São Paulo nas datas apontadas como aquelas que teriam sido realizados o pagamento da propina.

Além disso, a investigação também encontrou indícios da movimentação do dinheiro em espécie que teria sido recebido por Barros. Os valores teriam sido utilizados, principalmente, para realizar transações imobiliárias, como forma de lavar o dinheiro.

O GLOBO apurou ainda que os pagamentos não são atuais, o que torna improvável a perda do mandato. ConJORGE WILLIAM/09-01-2018 tudo, com os documentos obtidos nas buscas ontem, investigadores acreditam que o caso possa levar a uma denúncia contra Barros.

Uma eventual ação penal colocará o deputado em situação delicada. Apesar de já ter sido citado em outros escândalos, esse seria o primeiro desde que assumiu a liderança do governo na Câmara.

Em nota, o parlamentar declarou que “reafirma a sua conduta ilibada” e informou ter solicitado acesso aos autos do processo “para poder prestar mais esclarecimentos à sociedade e iniciar sua defesa”. O tramita na 12ª Vara Criminal de Curitiba. Barros lembrou ainda que foi relator da Lei de Abuso de Autoridade e que, por isso, “repudia o ativismo político do judiciário”.