Título: Lucro da Vale cai 74%
Autor: Vieira, Marta
Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2013, Economia, p. 12

Mineradora teve prejuízo de R$ 5,63 bilhões no último trimestre do ano passado, o maior já registrado na história da companhia

Pressionada pela forte queda do preço de minérios e metais no mercado internacional, especialmente do minério de ferro, seu principal produto, a Vale registrou prejuízo de R$ 5,63 bilhões no quarto trimestre do ano passado. Foi a primeira perda desde 2002 e o maior resultado trimestral negativo da história da companhia, de acordo com a consultoria Economática. O mau desempenho derrubou o balanço da empresa, que terminou 2012 com lucro de R$ 9,7 bilhões, uma queda de 74% em relação aos R$ 37,8 bilhões apurados em 2011. Desde 2004, a mineradora não apresentava um ganho tão baixo.

A Vale explicou que o resultado considera os efeitos de despesas não recorrentes lançadas no balanço, em razão de depreciação de ativos, variações no câmbio e perdas monetárias. Em relatório divulgado no começo da noite, depois do fechamento do mercado de ações, a companhia afirmou que as mudanças não afetam o resultado financeiro real da empresa.

No critério do chamado lucro básico, que exclui os efeitos contábeis, o quatro trimestre apresentou lucro de R$ 4,10 bilhões. Por esse método, o resultado do ano foi de R$ 22,18 bilhões – ainda assim 43,4% menor do que a cifra de R$ 39,17 bilhões de 2011.

Desafio O presidente da mineradora, Murilo Ferreira, disse que 2012 foi um ano desafiador para a companhia. Ele reafirmou que, devido aos resultados mais fracos em 2013 a empresa vai restringir e selecionar os investimentos de acordo com a importância para os negócios e o retorno que eles possam proporcionar aos acionistas. É a mesma estratégia adotada em 2012.

Ferreira, no entanto, disse que espera cenário mais alentador neste ano. “Para 2013, contamos com um mercado menos volátil e demandando mais matérias-primas”, afirmou. No ano passado, a companhia investiu US$ 17,73 bilhões em projetos, manutenção de operações e pesquisa e desenvolvimento, montante 17,2% mais baixo do que o orçamento aprovado, de US$ 21,411 bilhões. “Estamos muito focados na eficiência e num controle rigoroso de custos”, justificou o presidente da Vale.

Desemprego resiste nos EUA O presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, disse ontem ser improvável que a taxa de desemprego nos Estados Unidos volte a níveis normais nos próximos anos. Segundo ele, somente em 2016 a desocupação deverá cair dos atuais 7,9% para 6%, nível considerado como meta de longo prazo do Fed. Nesse cenário, o programa de compra de títulos bancários promovido pelo banco central para reativar a economia deverá ser mantido. Ele minimizou os sinais de divisão interna, afirmando que a estratégia, conhecida como “quantitative easing”, conta com apoio de uma “maioria significativa” de membros do organismo. A defesa da política de estímulo, feita durante depoimento a um comitê do Congresso, foi bem recebida pelo mercado e ajudou as bolsas de valores a fecharem em alta. Bernanke refutou a ideia de que o afrouxamento monetário possa estar formando bolhas de ativos ou inflação, observando que a economia tem capacidade ociosa e que a recuperação do país ainda é frágil.