Valor econômico, v. 21, n. 5110, 20/10/2020. Política, p. A12

 

Bolsonaro escala auxiliares para ajudar campanha de Russomanno

André Guilherme Vieira

Cristiane Agostine

20/10/2020

 

 

Presença de auxiliares do presidente é cada vez mais frequente na campanha do candidato do Republicanos

O presidente Jair Bolsonaro entrou de cabeça na campanha do candidato a prefeito de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), e escalou dois auxiliares de seu governo para acompanhar o deputado federal - inclusive durante o horário de expediente. Ontem, o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Fábio Wajngarten, secretário-executivo do Ministério das Comunicações, reuniram-se por cerca de uma hora com Russomano na produtora de TV que o candidato mantém na Barra Funda, zona Oeste de São Paulo.

Wajngarten tem participado com frequência de agendas da campanha de Russomanno. No fim de setembro, esteve na reunião em que foi acertada a contratação dos marqueteiros Elsinho Mouco e Rodrigo Gadelha, na sede do Republicanos, em São Paulo. Neste mês, acompanhou o candidato em uma missa do padre Marcelo Rossi, reuniu-se com Russomanno e Bolsonaro na base área de Congonhas e participou de jantar do deputado com empresários.

Já o ministro do Meio Ambiente esteve com Russomanno neste mês, no encontro na base aérea de Congonhas. Nesse dia, a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), também estava no local.Na agenda oficial de Salles e Wajngarten de ontem, não constavam compromissos.

Salles disse que a despoluição do Rio Pinheiros foi o único tema do encontro de ontem com Russomanno. “Falamos só sobre a questão do Pinheiros, que é um problema importante e que merece o apoio do governo federal. Nós temos essa prioridade da despoluição do Pinheiros e a prefeitura terá de ter um papel importante junto dos governos federal e estadual”, afirmou. Sobre o fato de estar reunido com o candidato durante o horário de trabalho, Salles tentou justificar. “Estou na minha agenda regular, recebo gente, converso com gente de todos os espectros [políticos] e é uma questão de importância ambiental para todos”.

No Twitter, o ministro disse ter conversado “com alguns candidatos” sobre a agenda ambiental urbana e citou Andrea Matarazzo (PSD), além de Russomanno.

Russomanno tem reforçado sua proximidade com Bolsonaro para falar que terá facilidade para receber verbas do governo federal, se eleito. Ontem, disse que a solução para o problema da poluição do Rio Pinheiros requer ajuda do governo federal.

“Aquilo é uma represa de água extremamente poluída e precisa dar uma solução, mas para dar solução para a cidade tem de resolver o problema dos afluentes e de todos os córregos que chegam no Rio Pinheiros. Para isso precisa de verba do governo federal, é impossível a cidade de São Paulo fazer isso”.

O marqueteiro Elsinho Mouco, que acompanhou o encontro, disse que a entrada de Salles na campanha atende a pedido feito pelo do próprio candidato. “O Celso pediu orientação ao Salles para a área ambiental e ele vai ajudar com essa questão na elaboração do plano de governo”, afirmou.

Mouco tem orientado Russomanno a reduzir declarações de improviso à imprensa numa tentativa de evitar polêmicas como quando o candidato afirmou, na semana passada, que moradores de rua podem ter desenvolvido maior resistência imunológica ao coronavírus pelo fato de tomarem banho com menos frequência.

Antes do encontro na produtora, Russomanno mostrou-se novamente alinhado com Bolsonaro ao dizer que é contra a obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus. “Nós já fomos obrigados a largar nossos trabalhos. As donas de casa ficaram sem as diaristas porque elas foram obrigadas a ficar em casa. As empregadas domésticas [ficaram] em casa. Os nosso empregos foram embora. Nós fomos obrigados a uma série de coisas. Agora querem obrigar a tomar vacina?”, afirmou. “Sou legalista. Temos leis. E a gente vai cumprir as leis”, disse, em sabatina do jornal “O Estado de S. Paulo”.