Título: Reforma ministerial ameaçada pelo PIB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2013, Política, p. 4

Resultado da economia levanta questionamentos sobre gastos com nova pasta para abrigar o PSD. O PMDB mineiro deve ser contemplado e o PR espera chance

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 — 0,9% anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — não deve provocar grandes mudanças na votação do Orçamento, marcado para terça-feira. Mas pode prejudicar os planos do PSD de assumir a cadeira ainda não criada do Ministério da Micro e Pequena Empresa. Diante da economia em estado de letargia, parlamentares, inclusive, da base aliada, começam a questionar se é uma boa ideia criar um novo ministério neste momento.

Passadas as duas últimas semanas nas quais o foco do debate político foi transferido para a disputa presidencial de 2014, a presidente volta seus olhos para a necessidade de recompor os espaços da base aliada na Esplanada. Especula-se que ela poderia começar os anúncios até o dia 20 deste mês. O plano inicial de Dilma era trazer o PSD para o governo e abrir uma nova vaga para o PMDB paulista. Os cautelosos que não querem um novo ministério afirmam que “se a presidente quiser, de fato, dar um cargo para o PSD, pode mexer nas vagas do PT”.

Com a abertura de 11 inquéritos no Ministério Público contra o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), a chance do parlamentar paulistano assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia praticamente reduziu-se a zero. Com isso, a possibilidade de um peemedebista mineiro ser agregado à Esplanada cresceu. Nesse embalo, o nome mais forte passou a ser do presidente estadual da legenda, Antonio Andrade.

PMDB e PR estão de olho exatamente na mesma vaga, o Ministério dos Transportes, ocupado atualmente por Paulo Sérgio Passos. Apesar de filiado ao PR, a legenda não o considera um representante do partido e, segundo apurou o Correio, são menores as resistências da presidente a devolvê-lo ao cargo de secretário executivo da pasta. O problema é que o PR, mais uma vez, tem dificuldades em apresentar um nome palatável ao Palácio do Planalto. O partido não aceita o convite feito por Dilma para o senador Blairo Maggi (MT) e quer a indicação de Luciano Castro (RR), que não é bem-visto pelos aliados da presidente.

Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de deixar para o Congresso a liberdade de definir a ordem de votação dos vetos presidenciais, caíram todas as resistências à votação do Orçamento de 2012. É consenso, apesar das queixas das bancadas do Rio e do Espírito Santo, que o veto à distribuição dos royalties será derrubado. Os demais vetos serão votados em outro momento, com base em acordo dos líderes.