Título: Facilidade que sai cara
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2013, Economia, p. 7

Pagar contas fixas, como as de água, telefone e luz, no cartão de crédito pode parecer um bom negócios à primeira vista. Mas é preciso cautela para avaliar a relação custo-benefício. O consumidor tem botar tudo na ponta do lápis e analisar se vale à pena se deslocar, gastar seu tempo em agências bancárias e casas lotéricas, ou aderir à comodidade de quitar os débitos pela internet. A praticidade tem custos, que não são baixos.

No Banco Santander, por exemplo, a tarifa para o pagamento de cada conta é de R$ 16. Por ano, quem lança mão mensalmente do serviço chega a desembolsar R$ 250 só com essa taxa segundo os cálculos da Associação de Consumidores (Proteste). No Banco Itaú Unibanco, sobre cada débito registrado no cartão incide juros de 2,99% ao mês.

“A maioria dos bancos oferece esse tipo de serviço como uma facilidade para os consumidores, para pagar as contas em até 40 dias e reunir as despesas na mesma fatura, alegando que isso fortalece sua relação com o consumidor por meio dos programas de fidelidade”, explica o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

A tarifa praticada pelos bancos sobre contas de pequenos valores pode ser maior que a multa e os juros pelo atraso. “A quitação de contas no cartão de crédito não é interessante para todos. Se o motivo que leva o consumidor a essa operação for a indisponibilidade de recursos para honrar o compromisso no vencimento, convêm ficar de olho nos detalhes”, diz o Instituto. A coordenadora da Proteste, Maria Inês Dolci, ressalta que, se a intenção for acumular pontos em programas de fidelidade, é possível que os consumidores estejam caindo em uma armadilha de marketing. No entender dela, as pontuações que podem ser convertidas de várias formas — troca por eletroeletrônicos ou viagens, por exemplo — não são recomendáveis. “O consumidor se ilude, achando que o banco o favoreceu e é incentivado a, cada vez mais, incluir novas faturas no cartão. Trata-se de um perigo. Cada conta paga tem uma tarifa, e isso faz com que a operação fique mais cara”, alerta Maria Inês.