O Estado de São Paulo, n.46292, 15/07/2020. Economia, p.B6

 

País continua 'porto seguro' para investimentos, afirma ministério

Eduardo Rodrigues

15/07/2020

 

 

Nota da Secretaria de Política Econômica rebate queda de entrada de recursos como represália a desmate

Sem desmate? Nota da Secretaria de Sachsida diz que País preserva o meio ambiente

Com a política ambiental do governo sob ataque político e alvo de críticas de investidores internacionais, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia divulgou nota ontem tentando mostrar que o ingresso de recursos estrangeiros no País não está em risco.

"Recentemente, algumas críticas sem base nos dados têm ganhado espaço nos noticiários e veículos de imprensa. Uma versão particularmente danosa dessas críticas associa a intensificação das queimadas e do desmatamento com possível redução do fluxo de investimentos externos direcionados ao Brasil", argumenta o documento elaborado órgão, comandado por Adolfo Sachsida.

A nota da SPE faz duas alegações principais: o Brasil estaria entre os países que mais preservam o meio ambiente no mundo, ao mesmo tempo em que tem sido um "porto seguro e um destino importante" para o fluxo de investimentos diretos estrangeiros.

A secretaria argumenta que a entrada de Investimentos Diretos no País (IDP) cresceu 26% no ano passado, chegando a US$ 75 bilhões. O valor é equivalente a 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e, segundo a SPE, é proporcionalmente superior ao montante de investimentos recebidos pela "vasta maioria dos países".

O documento traz ainda gráficos com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que mostram que o Brasil é responsável por 12% da área de vegetação original preservada no mundo (sem considerar a Antártida), ficando apenas atrás da Rússia. O órgão diz ainda que a área intocada no Brasil é superior à soma das áreas preservadas nos Estados Unidos e Austrália.

"Quase 60% do território brasileiro encontra-se preservado contra aproximadamente 35% de Canadá e Estados Unidos. A área preservada no Brasil é quase três vezes superior à média mundial", acrescenta a nota.

A SPE usa ainda dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que apontariam a redução nos focos de queimadas em todo o território brasileiro entre 1.º de janeiro e 12 de julho de 2020, ante o mesmo período de 2019. Nessa mesma comparação, houve aumento de focos, por exemplo, na Argentina e na Colômbia.

A SPE omite, porém, que os dados do próprio INPE mostram que o desmatamento apenas na Amazônia brasileira em junho foi o maior dos últimos cinco anos. Alertas feitos pelo sistema Deter indicam a perda de 1.034,4 km² no mês de junho, alta de 10,65% em relação a junho do ano passado. Em apenas um mês, foi derrubado o equivalente à área da cidade de Belém (Pará).

‘Críticas sem base’

“Recentemente, algumas críticas sem base nos dados têm ganhado espaço nos noticiários e veículos de imprensa.”

Nota da Secretaria de Política Econômica (SPE)