História. Severino presidiu Casa em 2005 e renunciou

Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (Progressistas) morreu ontem, aos 89 anos, em sua casa no Recife. Conhecido como Zito, Severino foi deputado federal por três mandatos, deputado estadual por sete e prefeito do município de João Alfredo, sua cidade natal, no agreste de Pernambuco, por oito anos. Segundo o presidente do Progressistas (antigo PP) em Pernambuco, o deputado federal Eduardo Da Fonte, o político morreu enquanto dormia. "Foi uma causa natural", afirmou.

Representante do baixo clero da Câmara dos Deputados, Severino chegou à presidência da Casa em 2005, derrotando o PT, partido que, então, estava na Presidência da República. Renunciou ao mandato em setembro do mesmo ano, apenas sete meses depois, para escapar da cassação do mandato.

Um empresário o acusou de ter cobrado propina para renovar o contrato de concessão de restaurantes da Câmara e apresentou um cheque de R$ 7,5 mil, descontado por uma secretária de Severino. Ao renunciar, o parlamentar evitou processo por quebra de decoro, que poderia levar à cassação e à perda de direitos políticos. Na Justiça, o caso nunca foi julgado.

No discurso de renúncia, citou Euclides da Cunha, ao dizer que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte" e culpou a elite parlamentar por sua derrocada. "A elitezinha, essa que não quer jamais largar o osso, insuflou contra mim seus cães de guerra", afirmou. "Todos seremos, muito breve, julgados pelo povo. Para quem dedicou sua vida à política, esse é o julgamento que conta, a sentença que importa. Voltarei. O povo me absolverá", disse.

Severino tentou voltar à Câmara no ano seguinte, mas não foi eleito. Em 2008, foi eleito prefeito de João Alfredo, sua cidade natal que fica a 120 quilômetros de Recife. Em 2012, Severino Cavalcanti renunciou à candidatura à reeleição do município. Ele teve sua candidatura impugnada pela Justiça com base na lei da Ficha Limpa.

Em outubro de 2017, o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1) condenou Severino por improbidade administrativa, acusado de empregar a neta na Câmara dos Deputados, entre 2003 e 2005, sem comprovar que ela prestou serviços.

"Neste momento de profundo pesar, quero me solidarizar com sua esposa, dona Amélia, seus filhos Zé Maurício, Ana e Catharina, demais familiares e amigos", escreveu o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), no Facebook.

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Eriberto Medeiros (PP), também emitiu uma nota sobre a perda de "um dos políticos mais expressivos" do Estado. "Deixa uma lacuna, principalmente para nós que fazemos o Progressistas e temos sua trajetória como referência. Vai deixar saudades naqueles que o conheciam."