Título: PSC indica deputado acusado de homofobia
Autor: Medeiros, Étore
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2013, Política, p. 3

O Partido Socialista Cristão (PSC) confirmou o nome do deputado paulista Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara(CDHM). Depois da forte repercussão negativa em torno da indicação do pastor Feliciano, acusado nos últimos dias de homofobia e racismo, devido a postagens em redes sociais, outros três deputados do PSC concorreram internamente ao cargo. Após duas horas de intensa discussão na tarde de ontem, ficou acertado que Feliciano será o nome da legenda para o cargo, mas ainda terá de enfrentar votação na CDHM para ser oficializado.

Já falando como futuro presidente da comissão, Feliciano afirmou estar atento a temas que, segundo ele, andam afastados da comissão, como os direitos de quilombolas e indígenas, e a questão dos milhares de imigrantes ilegais brasileiros presos nos Estados Unidos.

O deputado Jean Willys (PSol-RJ), que fez campanha na internet contra a indicação do pastor, promete deixar o colegiado caso a votação confirme o parlamentar do PSC para a presidência. Feliciano comentou a repercussão em torno da sua indicação. “Estão pensando que a comissão vai voltar à Idade das Trevas”, criticou, e convidou Willys a não se retirar da comissão. “Seria bom ter o Jean Willys comigo. Se ele fugir da raia, vai ser feio pra ele”, provocou Feliciano. “E eu sou lá homem de fugir da raia? Eu que não vou servir de trampolim para discurso conservador e homofóbico. Levarei minha luta para outras comissões e espaços onde ela será mais frutífera”, rebateu Jean Willys.

Primeiro presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Nilmário Miranda (PT-MG) disse que vai reagir à indicação do PSC. “Ele defendeu publicamente posições racistas e fundamentalistas. Os membros do PT na comissão não vão votar no nome dele”, garantiu o deputado.

Polêmicas Na raiz das polêmicas sobre o pastor, estão afirmações sobre os africanos, que, segundo ele, seriam amaldiçoados, e sobre a Aids, chamada “câncer gay”. Feliciano confirmou a autoria de algumas das declarações postadas na internet, mas garantiu que elas não passam de ensinamentos bíblicos. “Daqui a alguns dias todos vão dizer, puxa, mas ele não era homofóbico, ele não era racista”, prometeu.

“Ele está jogando pra plateia, para minimizar a crítica pública em relação a ele. Todas as proposições legislativas dele na Câmara provam o contrário desse discursinho. Pode enganar os incautos, mas não a mim”, dispara Jean Willys.

"Ele defendeu publicamente posições racistas e fundamentalistas. Os membros do PT na comissão não vão votar no nome dele" Nilmário Miranda (PT-MG), deputado federal