O Estado de São Paulo, n.46294, 17/07/2020. Economia, p.B7

 

Pandemia fechou 522,7 mil empresas

Daniela Amorim

17/07/2020

 

 

IBGE mostra que setor de serviços foi o mais afetado e que as pequenas e médias foram mais castigadas pela freada da economia

Efeito. Comércio também foi afetado pelo fechamento de empresas por causa da pandemia

Pesquisa realizada pelo IBGE revelou que 1,3 milhão de empresas no Brasil estavam com as portas fechadas de forma temporária ou definitiva na primeira quinzena de junho. Desse total, 522,7 mil empresas revelam que suspenderam as operações por conta do avanço da pandemia do coronavírus no país. O estudo mostra ainda que 716,4 mil pararam as atividades em definitivo nesse período.

Os dados fazem parte da primeira edição da pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas, lançada pelo IBGE para medir o impacto da covid-19 no setor empresarial. Foram identificadas no estudo a existência de cerca de quatro milhões de empresas no país. Além das 716 mil que encerram as atividades definitivamente, outras 2,7 milhões em funcionavam total ou parcialmente e 610,3 mil estavam com as portas fechadas nos primeiros quinze dias de junho.

Pelos dados do IBGE é possível ver que a crise atingiu com mais força as pequenas empresas. Entre as empresas fechadas pel a pandemia, 5 1 8 , 4 mil (99,2%) eram de pequeno porte, ou seja, tinham até 49 empregados. Esse segmento também responde por quase todo o número das companhias que fecharam suas atividades para sempre. Nenhuma grande empresa encerrou definitivamente suas atividades.

"Muitas das empresas pequenas já vinham com dificuldades antes da crise", explicou o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE, Flávio Magheli. Ele explica que o estudo mostra ainda que no caso das empresas de médio porte, o coronavírus foi determinante para o encerramento temporário ou definitivo das atividades, sendo mencionada por 74,3% delas como justificativa para o fechamento.

O raio x do setor empresarial nesse momento de pandemia feito pelo IBGE revela ainda que todos os segmentos da economia foram afetados pelos desdobramentos da covid-19, mas que o serviços foi o mais castigado. O setor é o ramo que mais emprega trabalhadores no Brasil. O IBGE mostra que o setor concentrou metade das empresas prejudicadas, 258,5 mil, 49,5% das que estavam paralisadas por causa da covid-19. Mas houve fechamentos também no Comércio (192 mil), Construção (38,4 mil) e Indústria (33,7 mil).

Os serviços também tiveram a maior proporção de empresas encerradas em definitivo, 46,7% ou 334,3 mil, seguido por Comércio (36,5% ou 261,6 mil), Construção (9,6% ou 68,7 mil) e Indústria (7,2% ou 51,7 mil).

Das 2,744 milhões de empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho, 70% informaram que a pandemia impactou negativamente os negócios. Apenas 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente, enquanto 13,6% relataram um impacto positivo.

O setor de serviço é o mais afetado pelas medidas governamentais de restrições à circulação de pessoas nas cidades para conter a pandemia, que foram adotadas a partir da segunda quinzena de março. Nas últimas semanas, alguns Estados, como o caso do Rio de Janeiro e São Paulo, vem flexibilizando as regras e permitindo abertura de lojas pelo país.

  

Queda nas vendas. O pesquisador do IBGE apontou que a queda nas vendas de produtos e serviços foi o efeito mais marcadamente mencionado como negativo em decorrência da pandemia.

A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por 70,7% das empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho em relação a março, quando começaram as medidas de isolamento para combater a disseminação do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, 17,9% disseram que o efeito da pandemia foi pequeno ou inexistente sobre as vendas, e outros 10,6% afirmaram que perceberam um aumento nas vendas com a covid-19.

Em relação à produção, a pesquisa revela que 63% das empresas enfrentaram dificuldade de fabricar produtos ou atender clientes, e 60,8% relataram empecilhos no acesso a fornecedores. Já em relação ao caixa, 63,7% apontaram que tiveram dificuldades para realizar pagamentos de rotina.