Título: O povo chora a morte do líder
Autor: Walker, Gabriela
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2013, Mundo, p. 15

Milhares de pessoas saíram às ruas de Caracas para manifestar a dor pela perda de um dos mais marcantes nomes da história política da Venezuela. A praça central da cidade e o Hospital Militar Doutor Carlos Arvelo se tornaram pontos de concentração

A morte do presidente Hugo Chávez fez com que a população saísse às ruas para chorar a perda de um dos maiores líderes da história do país. Ontem à noite, milhares de apoiadores do chavismo ocuparam a Praça Bolívar, no coração da capital, Caracas, e bloquearam as principais avenidas da cidade. Motoqueiros saíram às ruas da capital levando bandeiras do país. O símbolo nacional, hasteado a meio mastro, também ganhou vários edifícios públicos.

Em um clima de comoção nacional, simpatizantes cantaram o hino do país e gritaram palavras de apoio. “Vida longa a Chávez”, “Todos somos Chávez” e “Ele segue vivo”, diziam, em coro, na difícil despedida que começou a ser organizada ainda à tarde. “Tem muita gente indo à Praça Bolívar para concentrações de orações”, contou o administrador de empresas Joel Morales. “O clima aqui é de uma calma tensa”, completou.

Contrastando com a pouca movimentação nas ruas de Caracas antes do anúncio da morte do líder venezuelano, alguns pontos ficaram tomados por apoiadores a partir do fim da tarde. Diversas pessoas, por exemplo, se concentraram em frente ao Hospital Militar Doutor Carlos Arvelo de Caracas, onde Chávez ficou internado após voltar ao país — antes disso, ele passou um período em Cuba a fim de receber cuidados médicos. “O povo invisível que Chávez fez visível, agora, tem o poder e não aceitará perdê-lo. Chávez era um líder mundial”, defendeu o arquiteto Leonardo Lira, de 55 anos, morador de Valera, a 602 quilômetros de Caracas.

“Revolução” Os próximos sete dias serão de luto oficial na Venezuela e, até a próxima sexta-feira, as escolas ficarão com as aulas suspensas, permitindo que o povo tenha tempo para prestar homenagens e dizer adeus a Chávez. Os comércios também podem permanecer fechados, à exceção das farmácias, que, segundo o sindicato da categoria, atenderão normalmente.

Para assegurar a tranquilidade e garantir a segurança na cidade, o Exército foi convocado para atuar durante os dias dedicados à despedida do presidente. “A revolução perde o seu líder, mas conserva os legados político, militar e econômico, que veremos se (Nicolás) Maduro será capaz de capitalizar”, opinou o publicitário Gilberto Barrios, 32 anos, morador de Valencia, a 158km de Caracas.