Título: Dilma: Ele foi amigo do Brasil
Autor: Correia, Karla; Chaib, Julia; Medeiros, Étore
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2013, Mundo, p. 17

Líder da Venezuela por 14 anos, à frente de um governo cercado de polêmicas, Hugo Chávez colecionou aliados quase incondicionais e críticos ferozes entre os políticos brasileiros. Ao lamentar a morte do chefe de Estado venezuelano, na noite de ontem, em solenidade na Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Dilma Rousseff chamou Chávez de “amigo do Brasil”. A morte do presidente da Venezuela interferiu na agenda palaciana. Dilma cancelou a viagem que faria a El Calafate, na Argentina, onde se encontraria com a presidente Cristina Kirchner. Até a noite de ontem, o Palácio do Planalto confirmou apenas que Dilma estará presente no funeral do líder bolivariano.

“Em muitas ocasiões, o governo brasileiro não concordou integralmente com o presidente Chávez”, lembrou Dilma. “Porém, hoje, como sempre, reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e, sobretudo, um amigo do Brasil. Chávez deixará um vazio no coração, na história e nas lutas da América Latina”, disse a presidente. Durante a cerimônia, Dilma pediu um minuto de silêncio em homenagem ao presidente morto. “Lamento, como presidente e como uma pessoa que tinha por ele um grande carinho. Além de liderança expressiva, Chávez foi um homem generoso com todos aqueles que, nesse continente, precisaram dele”, disse.

Dilma foi informada da morte de Hugo Chávez no início da noite, pouco depois de deixar uma solenidade no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A notícia foi dada pelo assessor especial da presidência Marco Aurélio Garcia, que vinha acompanhando de perto a evolução do estado de saúde de Chávez. Ele chegou a viajar a Cuba, no início de janeiro, para colher informações sobre o tratamento que o chefe de Estado estava recebendo. Há duas semanas, Dilma conversou com o chanceler da Venezuela, Elías Jaua, sobre a saúde de Chávez. Naquele momento, o relato foi que a situação do venezuelano estava “sob controle”.

Por meio de sua página no Facebook, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também prestou homenagem a Chávez. “Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo. Eu me solidarizo com o povo venezuelano, com os familiares e correligionários de Chávez, neste dia tão triste, mas tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela”, escreveu Lula.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, em nota, disse que foi com sentimento de pesar que recebeu a notícia do falecimento de Hugo Chávez. “Em nome do Congresso Nacional e em meu próprio, desejo transmitir a seus familiares, ao parlamento venezuelano e ao povo amigo da Venezuela nossas mais sinceras condolências. Seu relevante papel no quadro venezuelano e regional e sua grande amizade pelo Brasil marcaram sua gestão à frente do Governo da República Bolivariana da Venezuela”.

Na sessão no Congresso Nacional marcada para examinar os vetos à lei dos royalties, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu um minuto de silêncio em memória de Chávez.

Aproximação histórica O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, também lamentou a morte do líder venezuelano. Para o chanceler, foi no período Chávez que Venezuela e Brasil viveram “um processo sem precedente histórico de aproximação”. Por meio de nota, disse que o presidente Chávez será lembrado “como o líder venezuelano que maiores vínculos teve com o Brasil e que maior contribuição deu aos esforços de integração regional. Sob sua presidência, a Venezuela tornou-se parceiro estratégico do Brasil e sócio pleno do Mercosul”.

Mesmo sem nenhuma admiração pela ideologia bolivariana, o senador José Agripino (RN), presidente do DEM, ressaltou a importância de Chávez: “Por mais que não concorde com posturas adotadas por Hugo Chávez, preciso respeitar o sentimento do povo venezuelano, que, por diversas vezes, o elegeu. Era um líder amado, sobretudo pela população mais humilde, pela forma pessoal que exercia o poder”. Com uma posição mais agressiva, o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), não poupou críticas ao presidente morto. “A morte não o absolve dos seus erros. Era um líder atrasado, autoritário, prepotente, que, num país rico pelo petróleo, tem um povo terrivelmente pobre, em sua maioria esmagadora. Acho que não fará falta à democracia”, disse.

Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores (PT) lamentou a morte de Hugo Chávez, considerado um “destacado protagonista da integração de Nossa América e uma liderança mundial das forças populares”. Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, também exaltou a importância de Chávez para a América Latina. “O Partido Socialista Brasileiro associa-se ao heroico povo venezuelano, a quem abraça com amizade neste momento de angústia.”

"Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo. Tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela" Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República

"Seu relevante papel no quadro venezuelano e regional, e sua grande amizade pelo Brasil, marcaram sua gestão à frente do Governo da República Bolivariana da Venezuela" Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado

"O maior legado de Chávez foi a reafirmação da soberania venezuelana, e o esforço para enfrentar a histórica colonização econômica da América do Norte sobre a América do Sul" Jandira Feghali (PCdoB-RJ), deputada federal

"A morte não o absolve dos seus erros. Era um líder atrasado, autoritário, prepotente, que, num país rico pelo petróleo, tem um povo terrivelmente pobre. Acho que não fará falta à democracia. O legado dele é o do autoritarismo, da prepotência" Álvaro Dias (PR), vice-líder do PSDB no Senado

"Por mais que não concorde com posturas adotadas por Hugo Chávez, preciso respeitar o sentimento do povo venezuelano, que, por diversas vezes, o elegeu. Era um líder amado, sobretudo pela população mais humilde, pela forma pessoal com que exercia o poder" José Agripino Maia (RN), senador e presidente do DEM

"Sinto a morte do presidente dos venezuelanos, meu amigo Hugo Chávez. Que viva a Venezuela com sua força e seu exemplo" Roberto Requião (PMDB-PR), senador