Título: Economia e oposição
Autor: Abreu, Diego; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 03/03/2013, Política, p. 03

Um dia depois do anúncio do pior resultado do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2009 — 0,9% em 2012 —, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a convenção nacional do PMDB para atacar a oposição e assegurar que o governo não perdeu as rédeas da economia. Chamou os críticos de sua gestão de "mercadores do pessimismo" e ressaltou dados econômicos de seu governo, como a inflação sob controle, a queda na taxa de juros e a redução do preço da energia elétrica. "Torcer contra é o único recurso daqueles que não sabem agir a favor do Brasil", atacou a presidente.

Mantendo o discurso de inclusão social que vem sendo adotado repetidamente pelo PT, Dilma lembrou que o modelo de desenvolvimento adotado nos dois primeiros anos de sua gestão foi decisivo para o fim da "pobreza extrema". Fez questão de enumerar também a recente redução nas tarifas de energia elétrica — alvo de um embate com o PSDB, que acusou a presidente de fazer campanha eleitoral utilizando o horário reservado aos pronunciamentos oficiais — e a queda dos juros. "Hoje, os juros reais estão no menor nível da história de nosso país. Promovemos a maior redução de tarifas de energia de que se tem notícia na nossa história", discursou.

Dilma também assegurou que a economia brasileira vai se recuperar em 2013. "Agora, neste início de 2013, a indústria começa a dar claros sinais de retomada. O comércio e serviços também. Alcançamos um superavit primário recorde. E ninguém pode dizer que o país não tem suas finanças sob controle, ao contrário do que ocorre na grande maioria dos países desenvolvidos. Mais uma vez, meus queridos amigos, os mercadores do pessimismo vão perder", provocou.

Em ritmo de campanha, a presidente voltou a comparar o governo do PT à frente do Palácio do Planalto com as gestões anteriores. "Não faz tempo que crises menores que essas que nos atingiram quebravam o Brasil. Levavam o país a bater na porta do Fundo Monetário Internacional pedindo de joelhos recursos em dólar. Hoje, nós temos um país que tem 378 bilhões de dólares de reserva. Não deve nada a ninguém. Olha a todos nos olhos e os trata com respeito."

Dilma lembrou a importância do aliado na estabilidade do governo federal. "Com a força política da coesão, PT, PMDB e partidos aliados estamos vencendo os obstáculos." O PMDB engrossou o discurso sobre a necessidade de retomada do crescimento econômico ao longos dos próximos anos. "Não precisamos crescer 0,9%, mas 4%, 5%, 6%. Houve um período da nossa história que crescíamos nesse ritmo", disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

O ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) também ressaltou afinidades entre as duas legendas na preocupação em incluir os mais necessitados. "Meu governo criou uma série de programas voltados para os mais carentes, como o programa nacional do leite. Tanto que o lema de meu governo era "tudo pelo social"." O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que leu uma carta escrita pelo ex-presidente Lula, citou que a parceria resultará em conquistas ainda maiores para o povo brasileiro.

Claque

Uma das mais barulhentas claques presentes à convenção do PMDB — que transcorreu em clima de normalidade, ao contrário de anos anteriores — vinha do Maranhão. A todo momento, o grupo gritava: "Sarney, guerreiro, do povo brasileiro" e "Maranhão, contente, com Roseana governadora e Dilma presidente". Dilma, que ao longo do mandato começou a soltar-se mais em eventos públicos, afirmou: "Temer, realmente, a animação aqui está ótima".

Em um segundo momento no qual foi interrompida, irritou-se. "Deixa eu primeiro acabar de homenagear todos os presentes." Nesse instante, um grito de "Dilma" ecoou no auditório. A presidente entrou no clima. "Calma que eu vou tirar uma foto com você. Mas vai ter que esperar aqui na frente", brincou ela.