Título: Eduardo: Não vamos atropelar ninguém
Autor: Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2013, Política, p. 3

Apontado como um dos nomes ao Planalto em 2014, o governador de Pernambuco afirma que o PSB tem ritmo próprio e que tomará sozinho a decisão em relação à eleição presidencial

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), elevou o tom, na tarde de ontem, no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, ao declarar que o PSB não será atropelado por outros partidos políticos. “Não vamos atropelar ninguém, mas também jamais seremos atropelados. Todas as vezes que o PSB foi afrontado, o PSB respondeu com muita tranquilidade e firmeza e não afrontou ninguém”, disse. Ao ser questionado sobre a estratégia do PT para pressioná-lo a tomar uma decisão em relação à sucessão presidencial em 2014, declarou que quem cuida disso é a legenda. “O relógio do PSB trabalha no fuso horário do PSB. Nós não vamos trabalhar com o relógio dos outros, com o tempo dos outros, nem fazer o jogo dos outros. Vamos fazer o jogo do Brasil e o jogo do PSB”, ressaltou.

Em relação à pré-candidatura da presidente Dilma Rousseff lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, o governador fustigou o plano petista. “Nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral. Nunca vi isso dar certo”, salientou. Campos ainda aproveitou a entrevista para fazer críticas à área de saúde do governo federal e, como de costume, vendeu Pernambuco como uma ilha de excelência. “A situação de muitos municípios chegou ao limite. Todo mundo no Brasil lutou muito para colocar 12% dos recursos na Saúde. Nos aqui já colocamos mais de 17%, teve ano que chegou a 19%”, assegurou.

Com discurso de candidato, cobrou mais investimento no setor. “A gente precisa corrigir a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) para uma série de procedimentos. Há, com certeza, um subfinanciamento. O estado ou o município, para manter vivo, funcionando, investe duas, três vezes o valor que o SUS repassa”, comentou.

Eduardo Campos repetiu que o PSB estará na disputa em 2014, mas, como de costume, não disse com quem. “Nosso jogo é um jogo muito claro. Disse a vocês que o PSB vai estar em 2014 cumprindo um papel de acordo com sua história, com sua política de crescimento, com sua responsabilidade com o Brasil. Vamos deixar para 2014 um debate que o país vai fazer de forma natural, porque a democracia no Brasil está se aperfeiçoando para ver quem tem ideias, propostas, que arregimentem argumentos. Eu respeito quem tem opinião diferente de que, desde cedo, é preciso começar o debate político.”

Integração Nacional A cada declaração mais contundente de Eduardo Campos rumo à candidatura em 2014, a situação do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), indicado pelo governador, fica mais desconfortável. No entanto, informações de bastidores apontam que o ministro segue bastante prestigiado no governo federal. Ele, inclusive, tem sido o interlocutor entre Campos e Dilma nos momentos mais delicados. A intenção do governador é de que ministro esteja forte. “A plantação de intrigas é geral. Quem acha que o PSB vai renunciar o desejo de ser um grande partido no país está redondamente enganado. Para ser um grande partido, não precisamos distribuir o partido de ninguém.”

Ontem, Lula participou da reunião da Executiva Nacional do PT, em Fortaleza, onde se reuniu com o governador Cid Gomes, que defende a reeleição da presidente Dilma em 2014. Diante da disputa cada vez mais evidente entre o PT e PSB, o ex-presidente contemporizou. Disse que era muito amigo e que tinha bastante carinho pelo governador de Pernambuco. “Não conversei com o Eduardo ainda neste ano. Agora, vou conversar, porque temos que construir uma aliança muito forte. Todo mundo quer ser presidente da República, mas só um vai chegar lá.”

Questionado sobre a possibilidade de Campos ser vice na chapa de Dilma, Lula desconversou. “Não cabe a mim discutir. O vice vai ser da Dilma, ela é quem tem que dizer se o vice é bom ou não. Ela tem uma bela amizade com o PSB e o Eduardo Campos. No momento certo, eles vão conversar. No fim, entre mortos e feridos, todos serão salvos.”

Nosso jogo é um jogo muito claro.

"Disse a vocês que o PSB vai estar em 2014 cumprindo um papel de acordo com sua história, com sua política de crescimento, com sua responsabilidade com o Brasil" Eduardo Campos, governador de Pernambuco

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