Título: Bolsa segue em alta, puxada pela EBX
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Fonte: Correio Braziliense, 08/03/2013, Economia, p. 12
O Ibovespa fechou ontem, pelo segundo dia consecutivo, em forte alta: 1,56%. O resultado se deve, sobretudo, à valorização das ações da Petrobras — ainda impulsionada pelo reajuste do diesel na última terça-feira — e de empresas de Eike Batista, após o banco de investimentos BTG Pactual ter concordado em fornecer acesso a crédito e assessoria financeira ao grupo EBX, parceria fechada na noite de quarta-feira. As elétricas também contribuíram, e muito, para o resultado positivo do índice.
O mercado recebeu muito bem o acordo entre a EBX e o BTG. O valor da empresas de Eike Batista pulou de R$ 21,96 bilhões para R$ 24,30 bilhões. As ações da principal delas, a OGX Petróleo, tiveram expansão de 16,44%. A LLX Logística e a MMX Mineração, por sua vez, subiram 10,41% e 17,04%, respectivamente. O contrato inclui ainda futuros investimentos de capital a longo prazo no grupo.
O analista de companhias de petróleo e mineração da SLW Corretora Pedro Galdi ressalta a importância da parceria entre o banco e a EBX. "As coisas não andaram tão rápido como o esperado e o dinheiro (das empresas de Eike Batista) está acabando", explicou. "As companhias dele precisam de muito capital e de um parceiro de crédito."
Para Hamilton Alves, analista sênior do BB Investimentos em São Paulo, o acerto deve ajudar a estruturar melhor o grupo do empresário da EBX. "Até então, era a figura do Eike tocando tudo sozinho. Mas agora ele tem um banco de investimento muito bem estruturado por trás", disse, ponderando, porém, que "essa alta toda (das ações das empresas dele) é um certo exagero. O acordo é mais a médio e a longo prazos".
O empresário esteve ontem com a presidente Dilma Rousseff para apresentar os detalhes do contrato com o BTG Pactual. A "prestação de contas" com o governo se deve, sobretudo, por causa da dívida de R$ 10 bilhões em financiamentos que as companhias de Eike Batista têm com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Outro destaque da sessão de ontem foi a Petrobras, que vem servindo de trampolim para o Ibovespa — na quarta-feira, impulsionou o índice ao melhor resultado desde julho do ano passado, alta de 3,56%. O reajuste de 5% do diesel, nas refinarias, anunciado pelo governo, ainda se refletiu ontem em crença na bolsa de valores brasileira. Além disso, a decisão do Banco Central de abandonar a promessa de manter a taxa Selic estável por "um tempo suficientemente prolongado" levou o mercado futuro de juros a fortalecer ontem as apostas em um aperto monetário em abril ou maio.
O setor elétrico também foi um dos destaques pela boa alta apresentada no pregão. A justificativa é a expectativa de que o Palácio do Planalto arque com o custo das termelétricas, de modo que o consumidor final não sofra reajustes nas contas de energia, além de diminuir as pressões sobre os caixas das companhias do setor. Uma das soluções apontadas seria ampliar o prazo de empréstimo que o Tesouro daria a essas empresas.
Nova York Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones também teve um excelente desempenho. A nova máxima histórica se estendeu ontem pela terceira sessão seguida, com a ajuda de indicadores de emprego positivos no país e com investidores em busca de oportunidades de entrada no mercado para tirar proveito do forte rali recente. O número de cidadãos solicitando novos pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, sugerindo melhora na recuperação do mercado de trabalho e da economia norte-americanos.
Os dados servem de antessala para o relatório de emprego do governo de fevereiro, que será divulgado hoje. Os sinais de fortalecimento da economia e o afrouxamento da política monetária por bancos centrais têm impulsionado as ações norte-americanas no ano, com destaque para setores mais diretamente ligados ao crescimento da atividade. Entretanto, o deficit do relatório de comércio em janeiro, divulgado ontem, segurou um pouco mais o ímpeto em Wall Street.
1,56% Crescimento do Ibovespa ontem