Título: Mantega insiste em alta de 4%
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2013, Economia, p. 11

Ministro culpa a crise internacional pelo fraco desempenho da economia brasileira no ano passado, mas mantém o otimismo. Para ele, a retomada já começou e 2013 será bem melhor. Planalto promete mais desonerações

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu ontem que o avanço de apenas 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 ficou abaixo do esperado pelo governo. No início de 2011, ele previa expansão de 5%, depois cortou a estimativa para 4,5% e, em seguida, para 4%. Chegou até a chamar de “piada” as previsões de economistas sinalizando que o país só cresceria 1,5%. “Embora o resultado tenha ficado abaixo das expectativas, 2012 foi um ano de crise, parecido com 2009, mas observamos uma aceleração na atividade econômica ao longo do período. A economia está crescendo de forma gradual e continuará assim em 2013”, afirmou o ministro logo após a divulgação do desempenho da economia brasileira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De todas as formas, Mantega tentou minimizar os resultados e pintar um cenário positivo para a economia. “A crise internacional não bateu à porta da família brasileira. Em 2012, tivemos um ótimo resultado no emprego. Os brasileiros estão adquirindo casa própria, automóveis. Para a população, foi um ano de melhoria das condições de vida”, disse o ministro. Ele apontou a seca, a crise internacional e a queda nas vendas de caminhões como os principais motivos para o baixo crescimento da economia. “A produção caiu 5,9% no quarto trimestre e 2,3% no ano, e a nossa indústria não tinha para quem exportar lá fora”, comentou. Mantega mantém o otimismo e prevê um aumento de 3% a 4% no PIB este ano. “O cenário é mais benigno, a crise europeia está superada, a economia mundial deverá crescer mais, teremos mais mercados para exportar”, apostou Mantega.

O chefe da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff evitou comparar a expansão dos dois primeiros anos de gestão da governante petista, considerada a pior desde o mandato de Fernando Collor. “Não faria comparações com o passado, podemos ver que elevamos o patamar de crescimento da economia brasileira desde 2003”, afirmou.

Aeroportos O ministro destacou o leve aumento nos investimentos no último trimestre — de 0,5% —, insuficiente para reverter a queda de 4% na taxa anual. Assim como o mercado, ele espera um aumento neste ano de 6% a 8%. Nesse sentido, ressaltou que o governo tomou “muitas medidas nos dois últimos anos que ainda vão surtir efeito”, como a desoneração da folha de pagamento, taxas de juros menores para baratear os financiamentos, redução do custo da produção e das tarifas de energia, além de pacotes de concessões e investimentos em ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, que devem gerar investimentos em torno de R$ 250 bilhões. “Alguns dos investimentos já estão começando, como nos aeroportos já concedidos. Outros iniciarão ao longo de 2013. Em 2014, todos estarão em plena atividade, dinamizando a economia brasileira”, disse.

Mantega ainda assegurou que o governo deverá fazer novas desonerações tributárias este ano. “A política anticíclica vai continuar enquanto for necessário, mas isso não significa que tomaremos novas medidas, as que tomamos já são suficientes”, afirmou. “O que faremos é mais reduções de impostos, porque essa é uma política permanente deste governo, vamos continuar reduzindo impostos”, emendou.

Oposição cobra explicações A oposição quer levar ao Congresso o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para explicar as razões do crescimento econômico pífio em 2012. “Confio mais na Mãe Diná do que no Mantega. O resultado desmente todas as previsões dele e confirma o fracasso das medidas de estímulo do governo”, afirmou ao Correio o senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado. Ele protocolou na Comissão de Assuntos Econômicos um pedido para a convocação do ministro, que será votado na terça-feira. “O cenário é de preocupação. O governo usa mágica contábil para mascarar a realidade das finanças públicas. A inflação está voltando, com aumento da taxa de juros. Isso inibe o crescimento”, completou. O presidente do Democratas, senador José Agripino (RN), disse que a competitividade brasileira “está jurada de morte”. Já o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou que “o país está no rumo errado”.