Título: Dilma ainda popular
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2013, Economia, p. 11

O péssimo resultado do PIB em 2012 — alta de apenas 0,9% — não deve respingar na popularidade da presidente Dilma Rousseff, porque o nível de emprego, a massa salarial e o consumo das famílias ainda continuam em alta. A longo prazo, contudo, a economia terá de retomar a sua rota de crescimento, para que esses indicadores também não sofram desaceleração. “Com um PIB pequeno, fica mais difícil segurar os aliados, o que pode provocar um racha na base de apoio da presidente Dilma”, avaliou o cientista político da Tendências Consultoria Rafael Cortez.

Para o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antonio Augusto de Queiroz, a metodologia seguida pelo IBGE contribuiu para o resultado modesto da atividade do país. “Economistas respeitados afirmam que, ao não se levar em conta a redução na taxa de juros ao longo de 2012, subtraiu-se aproximadamente um ponto percentual do PIB.”

Mesmo minimizando o estrago na popularidade da presidente, Cortez acredita que é preciso atenção do governo para conduzir a agenda política na segunda metade do mandato, diante dos riscos de uma insatisfação dos aliados com os solavancos da economia. “Qualquer dissidência impacta, diretamente, no tempo de televisão que Dilma terá na campanha do ano que vem”, disse ele.

Mas é preciso que a oposição saiba também calibrar o discurso de críticas ao governo. “Não adianta falar em choque de gestão para uma população que foi apresentada a várias políticas públicas ao longo dos últimos anos”, disse o cientista político. “A oposição terá de ser capaz de oferecer algo além do dado pelo PT nos últimos 10 anos”, completou.