Título: Maduro rebate a mídia fascista
Autor: Valente, Gabriela Freire
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2013, Mundo, p. 19

Jornal espanhol diz que Chávez estaria terminal e teria sido removido para ilha

Tango para dois O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rebateu o que classificou como rumores de uma "mídia fascista" sobre o agravamento dramático da saúde do presidente Hugo Chávez. Maduro respondia a uma reportagem do jornal espanhol ABC, segundo a qual tumores estariam tomando conta de um dos pulmões do mandatário, que teria sido removido do Hospital Militar de Caracas para a residência oficial da Ilha La Orchila, a 160km da capital — apenas para enfrentar a última fase da doença cercado pela família. Enquanto o vice acusava a imprensa de "perseguir e agredir" o presidente, a oposição continuava a cobrar informações "transparentes" sobre situação, já que Chávez não é visto em público desde de dezembro, quando viajou a Cuba para a quarta cirurgia contra um câncer na região pélvica.

Segundo o ABC, a remoção teria sido feita no último dia 22, depois que uma tomografia teria mostrado a rápida evolução dos tumores no pulmão esquerdo — o órgão estaria comprometido em 35%. Fontes médicas disseram à publicação que Chávez estaria sendo submetido até então a cuidados apenas paliativos, que foram considerados desnecessários. Na residência de Orchila, no Mar do Caribe, Chávez e a família poderiam estar mais à vontade.

Maduro demonstrou indignação com a reportagem do jornal espanhol. "Até onde vão chegar os burgueses? Cessem os ataques ao comandante, os rumores, e simplesmente deixem de usar uma situação delicada parar criar desestabilização", disparou o vice-presidente, segundo o jornal venezuelano El Universal. Na quinta-feira, o ministro da Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, que é genro de Chávez, chamou de "absurdas e bizarras" as especulações que surgiram após o ex-embaixador do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA), Guillermo Cochez, ter afirmado que o presidente teria tido morte cerebral — o retorno a Caracas teria sido realizado apenas para que a notícia não fosse divulgada em solo cubano.

Cobranças

Em meio aos rumores e à falta de informações oficiais, a oposição venezuelana continua a pressionar o governo. O governador do estado de Miranda e candidato potencial a uma nova eleição presidencial, Henrique Capriles, acusa o campo chavista de disseminar "mentiras" sobre alegadas visitas de integrantes da equipe ao comandante. Em sua página no Twitter, Capriles afirmou que o país conhecerá a verdade em breve. "Vamos ver como vão explicar ao país, nos próximos dias, todas as mentiras que disseram sobre a situação do presidente", desafiou.

Pedro Pablo Peñaloza, colunista do El Universal, relatou que toda a Venezuela está sob "alvoroço" e que "ninguém tem condições de dizer se Chávez está vivo ou morto". Desde o início da semana, estudantes protestam acorrentados e acampados na região de Chacaíto, em Caracas. Amanhã, eles prometem tomar as ruas da capital com a "Marcha pela Verdade".