Valor econômico, v. 21, n. 5116, 28/10/2020. Brasil, p. A4

 

País diz sim à OMC para testes clínicos de vacinas

Assis Moreira

28/10/2020

 

 

País entra no “mecanismo de solidariedade” que amplia as chances de imunizar a população contra a covid-19

O governo de Jair Bolsonaro respondeu positivamente à demanda da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Brasil participar de testes clínicos de mais uma série de vacinas contra a pandemia, conforme apurou o Valor.

Trata-se de um “programa de solidariedade” elaborado pela entidade com o objetivo de acelerar os testes e o combate global à pandemia, que continua matando no Brasil e no resto do mundo.

A expectativa brasileira é de que, ao aceitar fazer mais testes clínicos de vacinas em desenvolvimento, o país possa ter acesso a dados e pesquisas. E ver se isso abre portas para acesso preferencial ou facilitado do país àquelas vacinas que se provem seguras e eficazes, e que tenham sido testadas no Brasil.

Em paralelo, o governo brasileiro aderiu recentemente a um programa da OMS pelo qual se comprometeu a comprar vacinas para imunizar 10% da população brasileira.

Isso tudo ao mesmo tempo em que o presidente continua alimentando manchetes ao contestar a obrigatoriedade de vacinação contra covid-19 para toda a população do país.

Pelo programa de solidariedade, a OMS faz agora a ponte entre países e produtores, com protocolo comum. Os testes podem demorar de três a seis meses.

Até agora, países como a Argentina, Chile, Colômbia, Filipinas, França, El Salvador, Espanha, Índia e México aceitaram a demanda da OMS de fazer testes clínicos com algumas das vacinas em desenvolvimento.

Há mais de 200 vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento no mundo, e 35 estão em fase de testes clínicos.

Atualmente, quatro vacinas já estão sendo testadas no Brasil, em acordos bilaterais entre o governo e produtores: a ChAdOx1 n-CoV-19, da Universidade de Oxford com a AstraZeneca; a Coronavac, da chinesa Sinovac em pareceria com o Instituto Butantan; a BNT162, do consórcio formado por Pfizer, BioNtech e Wyeth; e a VAC31518COV3001, patrocinada pela farmacêutica Janssen-Cilag - cujo estudo encontra-se temporariamente interrompido, segundo o Ministério da Saúde.

A Rússia também disse ter pedido autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testar no Brasil sua vacina Sputnik V, para depois produzir localmente e exportá-la para outros países da América Latina.

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Governadores pedem audiência com Pazuello

28/10/2020

 

 

Objetivo é tratar da vacinação contra a covid-19

O governador do Piauí, Wellington Dias, protocolou ontem, em nome do Fórum dos Governadores do Brasil, pedido de audiência com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para tratar da vacinação contra a covid-19. A intenção, segundo nota divulgada pelo governo do Estado, é buscar um entendimento para que Estados, municípios e o governo federal possam alinhar a estratégia de imunização contra a doença.

Além dos governadores, devem participar da reunião um corpo técnico, uma equipe do Ministério da Saúde, representantes dos municípios e do Congresso Nacional. O Fórum dos Governadores também encaminhou pedidos de audiência aos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado, além de líderes da base do governo e da oposição.

“Manifestamos, em nome dos governadores, um compromisso com o diálogo e com o Plano Nacional de Estratégia para a vacinação aprovado no último dia 20 de outubro”, diz o governador do Piauí, em nota. Dias ressaltou a busca pela instalação da comissão técnica, responsável por apresentar toda a estratégia de imunização contra o coronavírus, até o dia 30 de novembro.