Título: Anistia para sete mulheres
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 09/03/2013, Política, p. 7

No Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem, o Ministério da Justiça anistiou nove militantes políticas perseguidas pela ditadura militar. Duas já morreram, as camponesas Cipriana da Cruz Rodrigues e Maria Aparecida Rodrigues e Miranda. A aprovação dos processos também teve momentos de emoção, com o depoimento de Darcy Andozia, uma das homenageadas. Ela foi presa e teve o filho Carlos Alexandre, na época um bebê de 1 ano e 8 meses, torturado durante o regime militar. Carlos Alexandre se suicidou em 17 de fevereiro último, aos 40. Segundo os pais, ele carregava traumas emocionais e físicos decorrentes do sofrimento ao qual foi submetido quando criança.

Darcy e Alexandre já haviam recebido indenização pela perseguição política há quatro anos, mas, ontem, ela falou em nome das demais anistiadas, sempre citando o filho. “Eu queria lembrar que, como mãe, valeu a pena ter tido meu filho, e eu faria tudo de novo”, disse Darcy, que militava na Pastoral da Juventude durante o regime militar. “Eu cheguei aqui com uma história de luto e morte e saio com uma história de renascimento”, acrescentou emocionada. Além dela, foram homenageadas Yara Falcon, Jesse Jane, Lilia Godim e Maria Auxiliadora Arantes.

Ontem, a Comissão de Anistia analisou e aprovou os processos de sete mulheres: Roseli Fátima Senise Lacreta, que foi perseguida e presa em 1971; Maria Oneide Costa Lima, agente da pastoral mantida em cárcere privado, em 1981; Maria Déia Vieira, que viu toda a família ser presa; Monica Tolipan, monitora de escola infantil, que se exilou na Argentina; Maria de Lourdes Toledo Nanci, também detida; Thereza Sales Escame, perseguida política; e Lélea Amaral, presa quando estava grávida.

Para a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, o Dia Internacional da Mulher não pode se limitar à distribuição de flores. “A mulher que luta, que diz que lugar de mulher não é no tanque ou no fogão, não precisa ganhar flores nem parabéns neste dia. Ela tem que ganhar respeito e protagonismo na sociedade brasileira”, declarou.