Título: Dólar em queda
Autor: Martins, Victor; Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 09/03/2013, Economia, p. 10

Surpreendido com uma inflação maior que a esperada em fevereiro, o mercado reagiu fortemente e derrubou o valor das ações e o dólar. Com a avaliação de que o Banco Central pode usar a queda da divisa como uma espécie de âncora para os preços, os investidores aumentaram, ontem, a venda da moeda norte-americana, situação que derrubou a cotação 0,74% no dia, para R$ 1,947 na venda — o menor valor em 10 meses. Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), investidores estrangeiros se desfizeram de parte de seus papéis, com receio de que o aumento da carestia, no futuro, corroa os ganhos que poderiam ser obtidos. O Ibovespa, principal índice do pregão, fechou com queda de 0,70%, aos 58.432 pontos.

O movimento de ontem no mercado de câmbio foi uma espécie de teste para ver até onde o BC está disposto a permitir que o dólar ceda frente ao real. Operadores preveem que, na segunda-feira, uma nova rodada de apostas contra a moeda norte-americana deve ocorrer, para provocar uma possível intervenção da autoridade monetária, que mostraria se há um novo piso para a oscilação da moeda.

Ajuste Enquanto o dólar e a bolsa caíam, o mercado futuro de juros apostava na alta. Boa parte dos negócios foi fechada prevendo que a taxa básica de juros, a Selic, subirá 0,5 ponto percentual em abril. Essa alta levaria a taxa dos atuais 7,25% para 7,75% ao ano. Para o fim de 2013, havia apostas de que os juros chegarão a 9%. “O BC está relutando em aumentar juros, por mais que tenha dado um tom mais duro no comunicado da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)”, ponderou João Lopes Júnior, especialista em juros futuros da corretora Icap Brasil.

Nas contas dele, o BC fará um ajuste de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom. “Será em abril por causa da deterioração do IPCA. As coisas estão virando. Há mais crescimento no exterior. A China está com dados melhores, os Estados Unidos também, tudo isso afeta o Brasil, aquece a economia e pode gerar mais inflação”, avaliou. (VM)

Governo segura tarifas O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou ontem que o governo repassará às distribuidoras os custos relativos ao uso das termelétricas, ligadas para compensar o baixo nível de água das hidrelétricas. A medida visa impedir o aumento imediato nas contas de luz, o que pressionaria a inflação. O dinheiro sairá da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), mas ainda não se sabe quanto a medida custará aos cofres públicos. Arno Augustin, Secretário do Tesouro Nacional, afirmou que a CDE possui R$ 11 bilhões.