O globo, n. 31832, 01/10/2020. País, p. 11

 

Amazônia liberou 37 % mais carbono do que se pensava

Renato Grandelle

01/10/2020

 

 

Levantamento de 2000 a 2015 detectou, pela 1ª vez, perdas das bordas da floresta, que somam 946 milhões de toneladas

 Um dos mais conhecidos índices para medir o desflorestamento da Amazônia é ainda mais grave do que se pensava. Em estudo publicado ontem na revista “Science Advances”, uma equipe internacional de pesquisadores mostrou que a Floresta Amazônica liberou 3,57 bilhões de toneladas de carbono entre 2000 a 2015, cifra 37% maior do que se pensava até agora.

O levantamento detectou, pela primeira vez, as perdas de carbono das bordas da floresta, que somam 946 milhões de toneladas. Sua identificação foi possível através da fusão ferramentas como o escaneamento a laser da floresta, mapas da cobertura vegetal e trabalhos de campo. O estudo foi conduzido no Laboratório de Ecossistemas Tropicais e Ciências Ambientais do Inpe.

O desflorestamento é responsável por 44% da emissão de gases de efeito estufa no país–o re tantevem, principalmente, da agricultura, da indústria e da queima de combustíveis fósseis. De acordo com a pesquisa, o novo dado pode contribuir para a elaboração de novas políticas públicas contra o desmatamento e as mudanças climáticas – o governo terá, ao mesmo tempo, um olhar mais abrangente sobre a situação geral da floresta e a possibilidade de desenvolver soluções condizentes com cada região.

—Teremos um olhar macro das conexões da vegetação, e daí olhamos também situações específicas — diz Liana Anderson, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais( Cem aden)ecoau torado estudo.

—Por exemplo, quando há uma pastagem vizinha a uma área de floresta, podemos plantar uma árvore que bloqueie a entrada dos ventos, protegendo a vegetação.