Valor econômico, v. 21, n. 5120, 04/11/2020. Internacional, p. A10

 

Campanha de Trump tenta barrar contagem de votos em Nevada

04/11/2020

 

 

Equipe de Trump contesta procedimentos eleitorais de um condado no Estado de Nevada. num primeiro sinal de judicilização da eleição

Como era esperado, a campanha do presidente Donald Trump entrou ontem mesmo com ao menos uma ação para tentar impugnar votos em apuração no Estado de Nevada. Esperava-se na noite de ontem que haveria outras ações desse tipo, em outros Estados, o que pode adiar a definição do vencedor na eleição presidencial nos EUA.

A campanha de Trump pediu à Suprema Corte do Estado de Nevada que barrasse a contagem das cédulas no maior condado do Estado em meio a uma disputas sobre a precisão de sua tecnologia de correspondência de assinaturas. Nevada é um dos Estados indefinidos na disputa eleitoral.

A campanha de Trump disse que sofrerá “danos irreparáveis” se a decisão não for revogada. Ela busca uma ordem judicial impedindo o Condado de Clark de “autenticar cédulas usando inteligência artificial”. Afirma também que o sistema de votação pelo correio usado no Condado de Clark “cria um processo pronto para erro ou abuso”.

As regras eleitorais nos EUA são geralmente definidas pelos Estados. Não há uma Justiça eleitoral nacional, que padronize as normas. Em alguns Estados, as regras de votação e apuração podem variar de condado para condado.

Isso significa que qualquer tentativa da campanha do presidente de impugnar parte dos votos, para tentar ganhar as eleições nos Estados onde a disputa está mais acirrada, terá de começar na Justiça estadual. Em seguida, pode haver recurso à Justiça federal, até à Suprema Corte dos EUA.

Trump prometeu uma feroz luta legal sobre a contagem de votos que se arrastaria após o fechamento das urnas. Até agora, a batalha se concentrou principalmente em restringir os esforços democratas para afrouxar as regras de votação pelo correio. A campanha do presidente anteriormente processou Nevada para tentar bloquear seu plano de enviar cédulas automaticamente a todos os eleitores registrados, mas o processo falhou.

Um juiz distrital ordenou ontem que os correios dos EUA fizessem uma busca em vários Estados para encontrar cédulas eleitorais e enviá-las imediatamente aos locais de apuração. A ordem inclui importantes Estados indefinidos como a Pensilvânia, Flórida, Geórgia, Texas, Arizona e Michigan. O pedido foi feito por grupos que defendem o direito a voto de minorias.

O Serviço Postal respondeu que não poderia cumprir a ordem de enviar ainda ontem as cédulas, mas disse que “estava trabalhando o mais rápido possível para cumprir a determinação do tribunal”, apesar das limitações físicas e operacionais e a necessidade de evitar rupturas em atividades fundamentais no dia da eleição.