O globo, n. 31837, 06/10/2020. País, p. 6

 

Será um pastor, diz presidente sobre vaga na Corte em 2021

Gustavo Schmitt

Julia Lindner

06/10/2020

 

 

Bolsonaro foi criticado por bancada evangelica após atual escolha para STF

 Em meio às críticas que recebeu da bancada evangélica em função da indicação do desembargador Kassio Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, em evento da Assembleia de Deus, que vai indicar um pastor evangélico para a Corte no ano que vem.

O presidente esteve em São Paulo e participou do aniversário do pastor José Wellington, líder da Assembleia de Deus Ministério do Belém.

— Alguns, um pouco precipitados, achavam que deveria ser a primeira vaga do STF (para um evangélico).

Será a segunda, em julho do ano que vem. Mais que um terrivelmente evangélico, será um pastor. Imagine a sessão daquele Supremo começar com uma oração. Tenho certeza que isso não é mérito meu. É a mão de Deus —afirmou Bolsonaro.

PP DESISTE DE NOMEAÇÃO

Ontem, o PP desistiu de nomear a mulher do desembargador Kassio Marques, indicado ao STF, a uma vaga na Quarta Secretaria do Senado. A informação é do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) e foi confirmada ao GLOBO pela assessoria do senador Elmano Férrer (PP-PI) — Maria do Socorro Marques voltará a trabalhar no gabinete de Férrer como auxiliar parlamentar.

Na semana passada, o colunista Lauro Jardim revelou que Maria do Socorro foi indicada pelo PP para o cargo na Mesa Diretora do Senado um dia após Bolsonaro anunciar a escolha de Kassio para a Corte, na vaga que será aberta no STF com a aposentadoria de Celso de Mello, no dia 13.

Férrer fez a indicação por ter trocado de partido — ele deixou recentemente o Podemos —e ter recebido uma “cota” para indicações na Quarta Secretaria.

Heinze, que responde formalmente pela função, decidiu cancelar a indicação. Maria do Socorro já trabalhou como funcionária comissionada para quatro senadores do Piauí, sendo três do PT, incluindo o atual governador do Piauí, Wellington Dias. Desta forma, ela retomará a função no gabinete de Férrer —com salário de R$ 11,4 mil por mês e dispensada do registro de frequência.