Valor econômico, v. 21, n. 5122, 06/11/2020. Internacional, p. A14

 

Trump diz estar sendo roubado, em meio a apuração lenta e indefinição

06/11/2020

 

 

Apuração apertada em cinco Estados continua adiando a definição de um vencedor das eleições presidenciais nos EUA. Em pronunciamento ontem, Trump disse, sem provas, que sua vitória está sendo roubada e prometeu continuar a brigar na Justiça

Dois dias após uma das eleições presidenciais mais disputadas da história, os EUA ainda não sabiem na noite de ontem que será o seu próximo presidente. A definição continua dependendo da apuração dos votos em cinco Estados. Segundo especialistas, há a tendência de vitória do democrata Joe Biden. Mas campanha do presidente Donald continua tentando reverter isso na Justiça.

Até o fechamento desta edição, Biden tinha 253 votos no Colégio Eleitoral, segundo projeção do jornal “The New York Times” ou 264 segundo projeção da agência de notícias Associated Press, que considera Biden como vencedor no Estado do Arizona. Nos EUA é o Colégio Eleitoral que define o vencedor. Para isso, são necessários 270 votos. O presidente Trump tinha 214.

O favoritismo de Biden se deve ao fato de que a maioria dos votos que ainda faltam ser contados viriam, acredita-se de distritos eleitorais onde o democrata está se saindo melhor. Isso ocorre tanto em Estados ainda indefinidos nos quais Biden lidera a apuração -Arizona e Nevada - como nos Estados onde Trump lidera - Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia Se Biden vencer nos dois Estados onde está à frente, vencerá a eleição. Trump depende de uma combinação de resultados mais difícil, mas ainda tem chances.

Em pronunciamento na noite de ontem, o presidente Donald Trump disse, novamente sem apresentar provas, que a eleição está sendo roubada pelos democratas e que houve vários “irregularidades perturbadores” no processo eleitoral. Ele prometeu continuar com as tentativas de barrar uma eventual vitória de Biden na Justiça.

“Isso é uma desgraça para o nosso sistema”, afirmou, mantendo o tom otimista de que ainda espera sair vencedor. Se perder, ele seria o primeiro presidente a não se reeleger desde o republicano George H. W. Bush, em 1992.

A campanha de Trump já entrou com ao menos 6 ações na Justiça contra o processo eleitoral nos cinco Estados ainda em disputa. Grupos ativistas também entraram com ações. Algumas já foram rejeitadas; outras continuam sendo analisadas.  O presidente espera poder levar alguma delas até a Suprema Corte, onde talvez possa contar com o apoio dos 6 juízes indicados pelos republicanos (sendo 3 por Trump), com apenas 3 dos democratas.

Não está claro quando poderá haver uma definição do vencedor nos cinco Estados em disputa. Em Nevada, as autoridades locais disseram ontem que a apuração pode avançar pelo fim de semana. Uma das dificuldades que tornam o processo lento é o elevado número de votos enviados pelos correios. Esses votos precisam ser verificados e validados um por um. Nos EUA, as regras de votação e apuração são estaduais e variam muito. Não há uma Justiça eleitoral nacional.

Caso a diferença entre os candidatos seja muito pequena em algum Estado, deverá haver pedido de recontagem dos votos, o que pode prolongar a indefinição por dias ou semanas. Pode haver litígio ainda por conta dos votos ainda não entregues pelos correios.