O globo, n. 31838, 07/10/2020. Economia, p. 27

 

Pix vai permitir saques e até compra de imóveis

Gabriel Shinohara

07/10/2020

 

 

Banco Central já estuda outras funcionalidades para seu novo meio de pagamentos instantâneos, que entra em funcionamento a partir do dia 16 de novembro. Inscrições no sistema somaram mais de 10 milhões em dois dias

 Na esteira do sucesso dos primeiros dois dias de cadastramento do Pix, o Banco Central já desenvolve outras funcionalidades para seu novo meio de pagamentos, que devem ser lançadas a partir de 2021. Entre elas estão o saque em estabelecimentos comerciais, débito automático, parcelamento de compras e até compra de imóveis e carros.

Até o início da noite de ontem, o Banco Central já havia registrado 10,1 milhões de inscrições no novo sistema. No primeiro dia, foram registradas 3,5 milhões de chaves, uma espécie de carteira de identificação dos correntistas dentro do sistema que entrará em funcionamento a partir do dia 16 de novembro. Mais de 600 instituições, entre bancos e fintechs, estão aptas a fazer o cadastro dos correntistas.

As novas funcionalidades do Pix fazem parte da chamada “agenda evolutiva” do Banco Central, que tem projetos para os próximos anos e já começa em 2021.

O saque em estabelecimentos comerciais via Pix deve entrar em funcionamento no primeiro semestre do ano que vem.

AJUDA MÚTUA

A expectativa do Banco Central é que essa funcionalidade auxilie os dois lados da transação: o consumidor, que não precisará mais de um caixa eletrônico para sacar dinheiro em espécie, e o comerciante, que vai diminuir os gastos com o manejo do dinheiro.

O saque deve funcionar da seguinte maneira: o consumidor chega ao caixa de um supermercado e diz que quer sacar R$ 100 com o Pix. O caixa, então, escolhe a opção na maquininha do cartão, que exibe um QR Code.

O consumidor abre o aplicativo do celular, escolhe a opção Pix e escaneia o código, fazendo o pagamento de R$ 100 para o mercado. Depois dessa confirmação, o atendente recolhe o dinheiro em espécie do caixa e repassa ao consumidor.

O Banco Central também está desenvolvendo uma ferramenta para facilitar a compra de ativos, como carros e até imóveis.

A ideia é acelerar o processo, integrando o sistema da transferência da posse com a ordem do pagamento.

O Banco Central incluiu o pagamento por aproximação na agenda evolutiva do Pix. Ainda não há detalhes de como será feito, mas a tecnologia de aproximação envolve uma tecnologia de comunicação sem fio muito  presente em smartphones, aNFC( Near Field Communication), que conecta dois dispositivos se estiverem um próximo do outro.

Alguns cartões de crédito já operam dessa forma, muitas vezes sem a necessidade de digitar a senha para valores mais baixos.

O parcelamento de compras é outra funcionalidade que o os técnicos do BC estudam e que deve ser incorporada ao Pix no futuro.

OPERAÇÕES INTERNACIONAIS

O BC já teve conversas preliminares sobre como integrar o Pix com outros sistemas parecidos no exterior, o que permitirá transferências internacionais. No entanto, o processo ainda está no começo e pode demorar para ser concretizado.

A funcionalidade do débito automático também está em estudo pela área técnica do Banco Central, mas ainda sem data para ser ofertada no mercado.

Apesar do grande volume de cadastros, a inscrição no Pix não tem prazo para acabar e pode ser feita após o lançamento oficial do sistema.

Cada pessoa física pode ter até cinco chaves por conta. No caso das empresas, o limite é de 20 chaves.

Os aplicativos de bancos e fintechs operaram ontem sem as interrupções.