O globo, n. 31840, 09/10/2020. Sociedade, p. 14
Governo vai controlar vacinação contra Covid—19 pelo CPF
09/10/2020
Ministério da Saúde espera ter até 305 milhões de doses de vacina no próximo ano, 140 milhões delas já no primeiro semestre
O Ministério da Saúde vai exigir o documento do CPF para dar acesso a uma futura vacina da Covid-19 no país. A ideia será monitorar mais de perto a estratégia de imunização, para mapear eventuais reações adversas, evitar aplicação de vacinas diferentes em uma mesma pessoa, entre outros pontos.
— Se nós não tivermos o controle, o paciente pode tomar uma dose da vacina A, e temos que evitar que ele tome uma segunda dose da vacina B. Ter essa rastreabilidade é muito importante — disse Jacson Venâncio de Barros, diretor do Departamento de Informática do SUS, em entrevista à imprensa ontem.
Barros afirmou que um certificado de vacinação poderá ser expedido pela internet, assim como é planejada a “tão sonhada carteira nacional digital de vacinação”. Segundo os planos da pasta, o serviço deverá ser disponibilizado em sites e aplicativos do SUS.
A pasta afirmou ainda que 10% da população brasileira (20,2 milhões) poderá ser imunizada por meio do consórcio internacional Covax Facility. Os grupos prioritários estão definidos: 4,4 milhões de pessoas com 80 anos ou mais, 10,7 milhões com comorbidades e 5 milhões de trabalhadores em saúde.
Segundo o governo, já há contrato para 40 milhões de doses (estima-se que cada pessoa tenha de receber duas delas), a um custo de cerca de US$ 10,92. Já foi realizado um primeiro pagamento no valor de R$ 830 milhões pela adesão ao consórcio Covax, que hoje abrange o desenvolvimento de nove vacinas. O governo publicou Medida Provisória reservando R$ 2,5 bilhões para a iniciativa.
Mas o governo estuda ainda a definição de critérios para a incorporação de uma ou mais futuras vacinas ao Programa Nacional de Imunização, quando houver produção em escala. A pasta prevê que, até dezembro, tenha definido os parâmetros, como grupos prioritários e outros detalhes.
OXFORD É MAIOR APOSTA
A maior aposta, até agora, é a vacina de Oxford, cujo contrato do governo federal com o laboratório AstraZeneca prevê 100 milhões de doses no primeiro semestre do ano que vem, e produção nacional em seguida. O valor estimado é de US$ 3,16 por dose.
São 100 milhões de doses da vacina de Oxford também já contratadas para o primeiro semestre, segundo o governo, e uma previsão de mais 165 milhões no segundo semestre. Com esse montante, somado às 40 milhões originadas da Covax, o governo trabalha coma estimativa de 305 milhões dedos e sem 2021.
O secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, voltou a dizer que o ministério está atento a todas as opções de vacina e que representantes do Instituto Butantan foram recebidos ontem para tratar da chinesa Coronavac, que o governo de São Paulo vem apoiando:
— Estamos zelando e primando para, a partir de janeiro, estar disponibilizando a vacina no Programa Nacional de Imunização.