O globo, n. 31840, 09/10/2020. Economia, p. 25

 

‘Governo não é conivente com ilegalidades’, diz vice Mourão

09/10/2020

 

 

Em entrevista à imprensa alemã, ele defende ações adotadas pelo Planalto

O vice-presidente Hamilton Mourão, responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirmou à imprensa alemã que o governo brasileiro não é conivente com ilegalidades na Amazônia e disse que grande parte dos incêndios que ocorrem hoje é reflexo de desmatamentos feitos há muitos anos.

Em entrevista à Deutsche Welle, o vice-presidente disse que o governo não nega que os incêndios deste ano estão piores que os do ano passado, mas afirmou que “cerca de 70% desses incêndios estão ocorrendo em áreas que já foram desmatadas há muitos, muitos, muitos anos e que são ocupadas por fazendeiros”. 

“Apenas um terço deles está acontecendo em áreas em que eles não deveriam acontecer. E nós estamos lutando contra eles. Desde o início da Operação Brasil Verde 2, que lançamos no mês de maio, paramos cerca de seis mil focos de incêndio. Portanto, temos feito nosso trabalho”, disse Mourão. 

A entrevista ocorre em um momento que o Brasil é pressionado a adotar ações mais efetivas na preservação do meio ambiente.

Anteontem, o Parlamento Europeu aprovou relatório que diz que o acordo de livre comércio União Europeia Mercosul não pode ser ratificado pelo bloco “como está” e ressalta a importância do compromisso dos países com a “implementação do Acordo de Paris” para sua aprovação.

  APLICAÇÃO DE MULTAS

Uma emenda ao relatório que citava “preocupação com a política ambiental de Jair Bolsonaro” chegou a ser aprovada, mas a menção ao presidente brasileiro foi retirada no texto final.

Na entrevista à DW, Mourão disse que o governo não é “conivente com ilegalidades na Amazônia” e que os agentes ambientais têm “liberdade para fazer seu trabalho” na aplicação de multas. O vice também disse que é preciso colocar mais recursos no combate às ilegalidades na região. 

“O que está claro é que o desmatamento vem aumentando desde 2012, tendo acelerado no ano passado. Desde a segunda quinzena de junho, o desmatamento vem diminuindo. Então o trabalho está começando a render agora”, disse.