Valor econômico, v. 21, n. 5126, 12/11/2020. Brasil, p. A6

 

Mourão quer força-tarefa do Brasil no próximo fórum climático global

Daniela Chiaretti

12/11/2020

 

 

Vice-presidente defende força-tarefa em evento em Glasgow no ano que vem

O vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, defende a composição de uma equipe de governo para levar as posições do Brasil na próxima rodada de negociações climáticas, a CoP de Glasgow, em 2021. “Não pode ser ministros isolados, como até aconteceu no ano passado”, disse. “Tem que ser uma força-tarefa.”

Ele se referia à CoP de Madri, em 2019, quando a delegação brasileira foi chefiada pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. O Brasil foi acusado pela comunidade internacional de ter travado as negociações do artigo 6 das regras do Acordo de Paris, que trata de mecanismos de mercado.

“Tem que haver a constituição de uma equipe, centralizada. Julgo que tenhamos que fazer uma força-tarefa do governo para comparecer”, continuou. Informou que pretende levar ao presidente Jair Bolsonaro “a proposta de que nós centralizemos este assunto e cheguemos à CoP com uma delegação integrada e com os ministérios diretamente interessados”.

Mourão disse esperar levar à CoP “resultados positivos”. Seguiu: “Se chegarmos lá com reduções significativas nas ilegalidades cometidas na Amazônia, chegaremos em uma posição de força, e não fragilizada. E com uma posição clara e firme de como devemos desenvolver a negociação e sem confrontações estéreis”.

“Esta é a visão que pretendo levar ao presidente. Para que a gente, com uma equipe de especialistas e com uma visão de Estado por trás, tenha um desempenho na CoP coerente com a potência ambiental que o Brasil é.”

Mourão foi o convidado de webinar da Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) sobre ações que o governo deve tomar em novo plano para a Amazônia.

Respondendo a uma pergunta sobre a criação de mercado de carbono no Brasil, disse que o conselho tem conversado sobre o tema. “O pagamento por serviços ambientais é fundamental. Vamos deixar a Amazônia preservada. Mas vamos pagar por este trabalho que está sendo feito por aqueles que vivem na Amazônia”, seguiu.