O globo, n. 31844, 13/10/2020. Mundo, p. 19

 

Brasileira sofre agressões raciais na Pensilvânia

Paola de Orte

13/10/2020

 

 

Mulher do vice—governador do estado, Gisele Barreto Fetterman foi insultada na fila do supermercado e no estacionamento

Segunda-dama do Estado da Pensilvânia, a brasileira Gisele Barreto Fetterman relatou ter sido vítima de um ataque racista na cidade de Braddock na tarde de domingo. Gisele é casada com o vice-governador do estado, o democrata John Fetterman. Ela diz que estava na fila do supermercado quando uma mulher começou a insultá-la com palavras racistas.

- Foi horrível. Eu estava na fila quando essa mulher passou por mim e começou a falar, me chamando de n *, dizendo que meu marido casou com n *, que eu sou uma ladra, que não sou daqui, coisas horríveis, disse ela para Gisele globo , conhecida na Pensilvânia por sua participação em causas sociais e a favor dos direitos dos imigrantes. - Disse, "Olha, o n * Fetterman casado apareceu", como se ela tivesse arruinado o sangue puro de sua família.

No vídeo que a brasileira postou no Twitter, é possível ver uma mulher se aproximando da janela do carro, tirando a máscara e a insultando.

- Acho que comecei a chorar na fila, não me lembro. Tudo foi muito rápido.

Eu tentei tirar uma foto da placa do carro, pensei que estava filmando por um bom tempo, mas eram apenas fotos. Depois que vi que estava errado, mudei a câmera e consegui pegar apenas o final - disse Gisele, explicando que a mulher a seguiu até o carro.

A expressão usada pelo agressor em inglês é considerada o maior insulto racial dos Estados Unidos contra a população negra. Quando insultos semelhantes ocorrem, para não repetir o uso da palavra, os comentadores referem-se a ela como "a palavra N." Nem mesmo está escrito em cartas na mídia. Tem uma conotação óbvia de racismo nos Estados Unidos, e quem o usa entende que é um insulto.

Gisele costuma sair de casa acompanhada por seguranças, mas disse que no domingo à noite estava chovendo e ela achou que poderia ir ao mercado, a três minutos de casa, aproveitar uma promoção não anunciada de kiwi e acabou acompanhando o carro próprio. No Twitter, a brasileira escreveu: “Amo, amo este país, mas nós somos tão divididos. (...) Esse comportamento e esse ódio são ensinados. Se você a conhece, se ela é sua vizinha ou parente, por favor, ensine o amor dela em o lugar dela. ”Gisele afirma que a polícia já identificou a mulher no vídeo e que ela está sendo investigada. A brasileira já fundou três organizações não governamentais nos Estados Unidos e é reconhecida por sua atuação ativa na política. No final do mês passado, ela se encontrou com seu marido e o candidato presidencial democrata

ILEGAL ATÉ 22 ANOS

Gisele tem 38 anos e se mudou com a mãe para os Estados Unidos aos 7 anos. Até os 22 anos, quando legalizou sua situação, ele vivia na ilegalidade. Quatro anos depois, ela conheceu Fetterman, com quem se casou e teve três filhos. A brasileira frequentemente fala sobre suas origens e o tweet principal de seu perfil diz: "Pensilvânia, sua segunda mulher é uma ex-imigrante ilegal."

Nas redes sociais, ele recebeu apoio. “O comportamento direcionado a ela é nojento e constrangedor”, disse um usuário do Twitter. "Você pertence a este lugar, estamos muito satisfeitos por tê-lo aqui. A Pensilvânia é um lugar melhor com você", disse outro.