Título: Polêmica atraiu manifestantes
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 14/03/2013, Política, p. 4

A maioria de manifestantes contrários ao deputado Marco Feliciano é composta por homossexuais que se sentiram ofendidos com afirmações polêmicas feitas pelo pastor, como a declaração de que “a Aids é um câncer gay”. Mas ativistas negros e até pessoas que não fazem parte de nenhum movimento social se juntaram ao grupo.

O estudante Túlio Moreira de Araújo, 18 anos, não está ligado a entidades, mas decidiu ir até a Câmara sozinho para protestar. Na sessão de ontem, era um dos mais agitados, entoando gritos de ordem. “Sou homossexual e me incomodo com a intenção de pessoas como o Feliciano, que querem impor a própria fé, dizendo que o amor entre pessoas do mesmo sexo é pecado e causando medo em quem quer se assumir”, justificou. A psicóloga Melissa Viana, 32, é branca, heterossexual e também não integra um movimento específico. Mas conta ter se indignado com a presença do pastor no comando da comissão. “Defendo todas as minorias e não quero ver alguém que diz tantas barbaridades nesse posto”, reclamou.

Do outro lado do plenário, o pastor da Assembleia de Deus Antônio Marcos Sousa da Silva pedia ao grupo de evangélicos levados à sessão que não se identificasse. Apesar de reconhecer que o pensamento de Feliciano não representa todos os protestantes, ele defendeu o deputado. “A gente vê excessos de ambos os lados, mas não aceitá-lo na comissão só por ser cristão também é uma violação.”

Os protestos contra Feliciano chegaram até ao exterior. Em movimento iniciado no Facebook, brasileiros residentes em Paris preparam uma manifestação para o dia 23, às 14h, em frente à Embaixada do Brasil, no coração da capital francesa. Organizadora do movimento, a engenheira eletricista Maíra Abreu, 25 anos, acredita que os brasileiros fora do país precisam ser ouvidos. “Só podemos votar para presidente, mas não somos alienados. O que acontece no Brasil nos interessa. Minha família está lá e eu vou voltar um dia”, disse. Ela relata que a intenção é entregar cartas e cartazes de repúdio a Feliciano à embaixada. “Queremos que nossa indignação chegue até o Brasil", afirmou.