Título: Cresce custo na indústria
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2013, Economia, p. 9

A indústria brasileira perdeu margem de lucro em 2012 e isso poderá implicar novos aumentos de preços este ano, impactando a inflação, que hoje está em 6,31% ao ano e já beira o teto da meta, de 6,5%. Os gastos com a produção encareceram 6,3% no ano passado, em relação ao anterior, conforme dados divulgados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto isso, os preços dos produtos manufaturados não acompanharam o mesmo ritmo. Subiram apenas 4,9% no mesmo período. "As empresas estão sendo obrigadas a absorver parte desses aumentos, reduzindo a margem de lucro, sem poder repassar esse custo maior aos preços, porque existe uma competição forte no mercado, principalmente, com os produtos que vêm do exterior", explicou o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. Ele destacou que esse resultado reflete o aumento de dois itens principais: o da mão de obra e o dos insumos importados, que subiram 10,8% e 15,3%, respectivamente, no ano passado. No último trimestre de 2012, o custo da indústria avançou mais que a média do ano: 8,3%, a maior taxa de crescimento desde 2008.

Fonseca reconheceu que as empresas brasileiras terão dificuldade de recuperar as perdas neste ano e em 2014. Uma forma de ampliar a margem sem causar impacto na inflação seria elevar a produtividade, mas há obstáculos. Um deles é a capacidade de investimento baixa, em função da queda da produção e da perda de mercado. Outro empecilho, segundo ele, é a educação deficiente no país. "A indústria, nos últimos anos, foi obrigada a contratar mão de obra desqualificada. Por isso, a produtividade é muito baixa", afirmou. O economista admitiu que as medidas de incentivo adotadas pelo governo, como a desoneração da folha e redução do custo de energia, deverão ajudar.

Estímulo à inovação

A presidente Dilma Rousseff lançou ontem o Plano Inova Empresa, que prevê R$ 32,9 bilhões para financiamento de projetos de inovação tecnológica, e criou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que nasce com um aporte de R$ 1 bilhão. O plano contém quatro linhas de crédito, sendo que R$ 20,9 bilhões terão juros subsidiados de 2,5% a 5% ao ano, via BNDES ou Finep. Os recursos serão monitorados por um comitê gestor formado pela Casa Civil e pelos ministérios de Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento, da Fazenda e da recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa. O anúncio foi feito durante a reunião de 55 empresários que integram a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), criada em 2008, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).