Título: Jovens estão ansiosos para ver o argentino
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2013, Mundo, p. 14

A primeira viagem internacional confirmada do novo papa tem data e destinos marcados há mais de um ano. Francisco virá ao Brasil, em julho próximo, para participar da 13ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento católico deve atrair, neste ano, mais de 2 milhões de pessoas ao Rio de Janeiro. O fato de o novo líder da Igreja ser latino-americano aumenta a expectativa dos fiéis e deve sensibilizar ainda mais os peregrinos dos países vizinhos. A opinião é do padre João Firmino, responsável pela organização dos grupos jovens de Brasília. “Com certeza, o número deve aumentar muito”, afirmou, sem esconder o otimismo. Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, confirma que a arquidiocese já espera mais fiéis e comemora a atenção dada para a Igreja. “A Argentina fez a primeira Jornada fora da Europa e, agora, nos apresenta um papa. Já era hora de voltar os olhos para este continente”, comentou, durante entrevista coletiva.

De acordo com a organização do evento, ainda é cedo para prever mudanças no cronograma da JMJ. Na próxima semana, dom Orani deve se encontrar com o papa Francisco em Roma para discutirem detalhes do encontro. O religioso pretende convidar o novo pontífice a conhecer o Cristo Redentor e as favelas pacificadas, como fez João Paulo II, que, em 1980, visitou o Morro do Vidigal. “Com Bento XVI havia uma limitação por causa da idade, para não cansá-lo demais. Com o novo papa, poderemos ter outros compromissos”, confirmou o arcebispo, em entrevista à emissora RJTV. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou que o novo pontífice sabe ler e entende o português, o que, segundo ele, será necessário para a Jornada. Francisco também terá aulas particulares para facilitar a comunicação com os brasileiros.

A ausência de um brasileiro no trono de São Pedro não diminuiu a alegria dos católicos de Brasília, que se organizam para a jornada. Para Kamila Kuhnen, 24 anos, mais importante do que o país de onde veio o pontífice é a forma como ele conduzirá a Igreja. “Não muda muito se for brasileiro ou argentino”, afirma. O analista de sistemas Vinícius Andrade, 27, conta que não esperava um latino-americano e se justifica, explicando que acha mais relevante a “escolha de um religioso que atenda as necessidades da Santa Sé”.

Outra brasiliense que se prepara para conhecer o papa Francisco em julho, a publicitária Priscila Alvim, 30, confessa que o momento em que o pontífice foi anunciado a marcou e que o argentino já conquistou os fiéis brasileiros. “É impressionante como, mesmo antes de ele aparecer, antes de a gente saber quem ele era, eu já o amava”, contou.

Expectativa

Na Argentina, a ansiedade dos jovens católicos em participar da JMJ aumentou desde o anúncio do novo papa, na noite de anteontem, admite Paula Simón, de 23 anos. A estudante disse que a escolha de um conterrâneo foi “uma bênção para a Argentina, que está passando por tempos difíceis”. Alegre e emocionada com a notícia, ela não esconde a expectativa. “Será incrível”, disse. O também argentino Benjamin Paz, 26, conta que a decisão do conclave é motivo de orgulho. “É uma grande satisfação para todos nós argentinos, brasileiros, latino-americanos”, ressalta o jovem, voluntário do Comitê Organizador do evento.

“É impressionante como, mesmo antes de ele aparecer, antes de a gente saber quem ele era, eu já o amava”

Priscila Alvim, 30 anos, brasiliense