Título: Arcebispo exalta jeito simples do papa
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2013, Mundo, p. 14

A Arquidiocese de Brasília recebeu a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para o comando da Igreja Católica com “alegria e esperança”. Em entrevista coletiva concedida na manhã de ontem, o arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha, disse que a chegada do papa Francisco é um reconhecimento do trabalho desenvolvido na América Latina para a igreja em todo o mundo.

Dom Sérgio destacou que, após o anúncio do novo pontífice, os sinos da Catedral Metropolitana de Brasília se dobraram por longo tempo em saudação ao eleito. “Não é apenas por uma tradição. No momento em que os sinos tocaram, nós pudemos expressar a alegria de contar com um novo papa, um papa que vem da América Latina, um papa que adotou o nome de Francisco”, explicou.

A escolha do nome, inédita na história dos sucessores do apóstolo Pedro, foi interpretada pelo representante máximo da igreja na capital federal como uma demonstração de humildade, simplicidade e também um espelho do perfil missionário do argentino de 76 anos. “O seu jeito simples ficou muito claro ontem, em sua primeira aparição como pontífice, na varanda central da Basílica de São Pedro. O fato de ele se colocar diante do povo, e pedir que orassem por ele, e fazer pausa para que isso acontecesse é um gesto muito bonito de proximidade com o povo”, disse.

O arcebispo lembrou que Bergoglio teve papel importante na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizado em Aparecida (SP), em maio de 2007. O encontro teve a presença do agora papa emérito Bento XVI. Bergoglio presidiu a comissão de redação do Documento de Aparecida, que traz orientações de evangelização para a América Latina e o Caribe.

Durante a coletiva, dom Sérgio não se esqueceu de mencionar o trabalho desenvolvido pelo então cardeal Bergoglio com os pobres e seu comprometimento com a justiça social. Para o arcebispo, essas características ajudarão o pontífice na condução da Igreja. Questionado sobre quais seriam os principais desafios de Francisco — o Vaticano lida com problemas financeiros, escândalos sexuais e perda de fiéis —, o arcebispo destacou que “o papa não vem apenas para resolver problemas internos. A primeira tarefa do papa Francisco é animar a evangelização”.

Quanto à Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, prevista para ocorrer entre 23 e 28 de julho próximo, o arcebispo de Brasília disse que a presença do papa está garantida, ainda que a programação oficial não tenha sido divulgada pelo Vaticano. “Temos um elemento novo. Muita gente que talvez não fosse, agora vai querer ir. Certamente, muitos dos nossos jovens estarão no Rio de Janeiro para conhecer o novo papa”, declarou dom Sérgio.