Título: Um dia para os eleitores
Autor: Schiaffarino, Júlia; Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 18/03/2013, Política, p. 5

As fotos dos políticos em pleno domingo apenas confirmam a campanha antecipada de alguns dos possíveis candidatos ao Palácio do Planalto. Com Dilma Rousseff em Roma, as críticas de adversários ao governo federal ganham corpo

Em viagem a Roma, a presidente Dilma Rousseff congelou a agenda política no Brasil e as negociações para a corrida eleitoral de 2014, enquanto potenciais adversários dedicaram tempo para fazer negociações e criticar o governo petista. Marina Silva (sem partido) e Eduardo Campos (PSB) aproveitaram o domingo para o contato com os eleitores. Marina passou o fim de semana no Rio coletando assinaturas para formar o Rede Sustentabilidade. Campos lançou programa do governo de Pernambuco e disse que o país precisa de “renovação”.

Com a prancheta na mão em busca de assinaturas, Marina conversou com eleitores, posou para fotos e sentou em quiosques, na orla de Copacabana. Embora negue que a legenda está sendo criada para ela ser candidata no ano que vem, a ex-senadora disse que “a Rede tem propostas e projetos para governar o Brasil, com certeza”. No sábado, também em evento na capital fluminense, ela criticou a minirreforma ministerial de Dilma. “Não adianta mudar os ministros, se a lógica continua a mesma”, atacou, acrescentando que sua nova legenda não seguirá a mesma “lógica de juntar poder pelo poder, que nos últimos tempos ganhou o sofisticado nome de coalizão ou governabilidade”.

A ex-senadora disse que a política é imprevisível e que ela própria é a maior prova disso. “Não sabia em 2008 que havia outro quadro político além do (José) Serra e da Dilma para conseguir quase 20% dos votos do Brasil.” Foi o resultado da votação dela em 2010, quando concorreu pelo PV e conquistou cerca de 20 milhões de votos. Para sair em 2014, a ex-senadora tem pouco tempo. Precisa coletar 500 mil assinaturas e articular palanques nos estados. Na noite de sábado, ela participou de um jantar para 50 pessoas na casa do ator Marcos Palmeira. Entre os convidados, estavam atores, atrizes, diretores e cenógrafos.

Em uma intensa agenda pública, na manhã de ontem, no Recife, o governador Eduardo Campos (PSB) repetiu críticas à economia brasileira e afirmou acreditar em uma renovação. “Sinto sinais de um processo de renovação”, disse. Campos cobrou, ainda, mais comprometimento do governo federal com uma reforma tributária. “O Brasil perdeu a oportunidade de fazer uma reforma tributária. Faltou decisão política para isso. Ninguém conseguiu”, reclamou.

Apesar de ainda compor a base aliada, o socialista é pré-candidato à Presidência da República e trabalha firmemente para consolidar o seu nome além do estado. Um dos focos tem sido a classe empresarial. Entre as defesas dele, está a ampliação das desonerações tributárias. Na semana passada, o governador fez visitas aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde conversou com políticos e empresários. Ontem, entretanto, ao ser questionado de forma direta sobre a intensificação dessas agendas e das declarações feitas, o socialista tentou se esquivar.

Ele disse que sempre participou de congressos, jantares e fóruns e assim continuaria. Comentou que tudo o que havia dito sobre a economia foi em resposta a “algumas perguntas feitas com tom de pessimismo” e acrescentou: “Se você perguntar à própria presidente Dilma Rousseff, ela dirá que gostaria de fazer mais”.

Campos começou o domingo participando de um passeio ciclístico no centro da capital pernambucana, acompanhado do prefeito da cidade, e afilhado político, Geraldo Júlio (PSB). Os dois fizeram questão de cumprimentar todos. Os dois foram também para o bairro de Boa Viagem participar do jogo de lançamento do projeto de acessibilidade para pessoas com deficiência física, Praia sem Barreiras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), também potencial candidato à Presidência, não teve agenda ontem.

"Não adianta mudar os ministros se a lógica continua a mesma. A lógica de juntar poder pelo poder" Marina Silva, ex-senadora da República