Título: Dilma defende coalizão
Autor: Rothenburg, Denise; Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2013, Política, p. 2

Alvo de críticas por lotear a Esplanada dos Ministério, presidente diz que é "preciso valorizar quem está contigo"

A presidente Dilma Rousseff respondeu ontem às críticas de que a minirreforma ministerial é um movimento estratégico para as eleições de 2014. Ao empossar os três novos ministros, ela disse que coalizões são “cruciais” para o país e que aprendeu a importância de “valorizar as pessoas que estão contigo”. Para se proteger das saraivadas da oposição, que a acusam de fazer loteamento pensando em reeleição, Dilma tentou sustentar seu perfil de gestora técnica e defendeu a meritocracia. “Precisamos conduzir a bom termo esse processo que se pauta por transformar, cada vez mais, os ministérios do nosso país em ministérios profissionais e meritocráticos”, defendeu.

A cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, durou menos de meia hora e apenas a presidente discursou. “Governar, necessariamente, é escolher entre várias alternativas e, por isso, aprendi muito, ao longo desse período, sobre o valor da lealdade entre aqueles que desenvolvem com a gente a tarefa de governar, o valor simultâneo da paciência e da urgência, para cumprir prazos e metas, e da sensatez para escolher caminhos”, disse, destacando, em seguida, que é necessário “fortalecer” as forças que sustentam o governo.

Para justificar a análise, a presidente citou dificuldades dos governos da Itália e dos Estados Unidos. “Algumas pessoas acreditam que a coalizão é algo, do ponto de vista político, incorreto. Queria fazer uma reflexão com os senhores: estamos assistindo, em alguns lugares do mundo, os processos de deterioração da governabilidade, justamente pela incapacidade de construir coalizões estáveis”, afirmou. Para ela, “a capacidade de estruturar coalizões é crucial para um país, principalmente para um país com essa diversidade, com 26 estados e um Distrito Federal”.

A minirreforma trouxe dois novos nomes para o alto escalão do governo e rearranjou outro. O deputado federal Antonio Andrade (PMDB-MG) assumiu o Ministério da Agricultura, em substituição a Mendes Ribeiro (PMDB-RS). O secretário-geral do PDT, Manoel Dias, entrou no lugar do também pedetista Brizola Neto (RJ) no Ministério do Trabalho. E na Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco (PMDB-RJ), que deixa a Secretaria de Assuntos Estratégicos, assumiu a cadeira de Wagner Bittencourt. Ela agradeceu aos ex-ministros pela contribuição no governo e desejou “sorte” e “trabalho” aos novos. Com a minirreforma, Dilma amansou o PMDB de Minas, que já ameaçou deixar a oposição ao governo de Antonio Anastasia (PSDB) em Minas Gerais e fazer coro à eleição do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014. Questionado sobre ter chegado à Esplanada por meio de um acordo em que o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) desistiu de concorrer à prefeitura de Belo Horizonte, e os peemedebistas passaram a apoiar a candidatura do ex-ministro Patrus Ananias (PT), Antônio Andrade disse que não há uma “recompensa”, mas que “evidentemente o ministério vem ajudar a consolidar uma posição em Minas Gerais”. “Fortalece a união PT-PMDB. Não tenho dúvida nenhuma de que isso ajuda e ajuda muito”, completou.

Já Manoel Dias (PDT) disse que sua nomeação não simboliza a volta do grupo do ex-ministro do Trabalho e presidente do PDT, Carlos Lupi, à pasta, mas assumiu o papel do “amigo” em sua escolha. “Sou o ministro do PDT, de um partido trabalhista, com história espetacular nesse campo. Claro que o partido me colocar teve a influência decisiva do presidente que hoje lidera nosso partido”, afirmou. Lupi deixou a pasta, no fim de 2011, após escândalos de mau uso de dinheiro público.