Título: Amigos atentos aos pobres
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2013, Mundo, p. 19

Depois da revelação de que o nome Francisco foi escolhido por influência do arcebispo emérito de São Paulo, dom Cláudio Hummes, ficou claro por que o brasileiro foi o escolhido por Jorge Bergoglio para acompanhá-lo à sacada da Basílica de São Pedro no importante momento de anunciação do novo papa à uma multidão de fiéis. Dom Hummes, cardeal da ordem franciscana, divide com o papa jesuíta uma trajetória em busca dos mesmos preceitos de simplicidade de vida e defesa aos mais pobres.

Quando foi nomeado bispo da Diocese de Santo André (SP), em 1975, dom Hummes esteve ao lado dos operários no difícil período de transição para a democracia. “Ele abriu a paróquia para as reuniões do sindicato dos operários, liderado pelo ex-presidente Lula. Ao abrir espaço para o proletariado em sua igreja, dom Hummes teve um papel importante para a democracia no Brasil”, acredita Frei Oswaldo Rezende, diretor da Escola Dominicana de Teologia de São Paulo.

Em 1998, ao tomar posse como arcebispo de São Paulo, dom Hummes caminhou por toda a capital do estado para analisar a situação dos serviços sociais. “Ele avaliou a presença da Igreja junto aos pobres e promoveu o Seminário da Caridade, para tornar a instituição mais ativa entre os mais necessitados”, revela o padre Cido Pereira, vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação em São Paulo. Em 2001, o papa João Paulo II fez de Cláudio Hummes e de Jorge Bergoglio cardeais. “Eles têm uma grande amizade. E, segundo consta, à medida que o nome de Bergoglio ia ficando mais forte, dom Cláudio o animou e o ajudou”, acrescenta o padre Pereira. Quando dom Hummes falou para que Bergoglio não se esquecesse dos pobres, o nome de Francisco de Assis veio à tona por lembrar ideias defendidos tanto pelos franciscanos como pelos jesuítas: a necessidade da renovação da Igreja e de um olhar mais atento aos necessitados.