Título: Petrobras quer dobrar a produção até 2020
Autor: Nascimento, Bárbara
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2013, Economia, p. 9

Plano de negócios da estatal prevê investimento de US$ 236,7 bilhões até 2017 e dá prioridade ao aumento da extração de petróleo

» A queda de 36% no lucro entre 2011 e 2012 não alterou a estratégia da maior estatal do país. O novo Plano de Negócios e Gestão da Petrobras, divulgado ontem, traz a expectativa de dobrar a produção de petróleo até 2020, chegando a 4,2 milhões de barris por dia. A produção atual, de 2,4 milhões de barris diários, no entanto, deve se manter inalterada em 2013 — apesar da entrada em operação de sete novas plataformas — chegando a 2,75 milhões somente em 2017.

Só no pré-sal, a estimativa é de que se atinja a marca de 1 milhão de barris por dia até 2017. Essa parcela passará a representar 42% da produção total, se consideradas as áreas de cessão onerosa, recebidas da União em troca de aumento da participação acionária na empresa. O investimento previsto para o período entre 2013 e 2017 manteve-se praticamente o mesmo em relação ao plano divulgado no ano passado, com horizonte até 2016: US$ 236,7 bilhões ante US$ 236,5. Além disso, 15 novas unidades de produção devem ser contratadas.

Custos A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, rebateu as críticas em relação à escassa produção no pré-sal e ao desempenho da empresa em 2012. Ela caracterizou a execução dos investimentos no ano passado como a melhor da história da companhia: os R$ 84,1 bilhões foram superiores em 1% ao previsto parta 2012. “É completamente descabida qualquer fala que possa desclassificar a Petrobras sobre a sua capacidade e aptidão na produção do pré-sal. Isso não se sustenta. A produção está posta: hoje são 300 mil barris de petróleo/dia”, disse ela.

O crescimento da empresa deve se dar, segundo a presidente, sem aumentos nas despesas operacionais. O objetivo, aliás, é reduzi-las em R$ 32 bilhões até 2016. “A companhia cresce, dobra de tamanho, e os custos operacionais ficam estáveis. Nossos gastos gerenciáveis serão mantidos”, afirmou Graça Foster, como é conhecida. A redução deve ocorrer, entre outras razões, pela diminuição nas despesas com a implantação de poços. Atualmente, eles representam um investimento de US$ 75 bilhões por ano.

A empresa também cortou gastos nas áreas de gás e energia, biocombustíveis, abastecimento e nas operações internacionais — nesse último item, a redução foi de 52%. Graça Foster enfatizou que o foco da companhia, agora, é a exploração e a produção de petróleo e derivados. “Nós investimos para atender uma demanda. Dispendemos, por exemplo US$ 25 bilhões nos últimos anos em gás e energia e estamos concluindo atividades na área de refino. Agora, nossa prioridade é a exploração do óleo”, disse. Para garantir a geração de caixa, a estatal mantém os planos de vender ativos.

Preços Durante a apresentação do plano de negócios, Graça Foster afirmou ainda que a política de preços da companhia continua a mesma, e justificou a defasagem da gasolina e do óleo diesel em relação ao mercado internacional como uma consequência da desvalorização do real. “A política de preços continua sendo de médio e longo prazos. Nada mudou: é a mesma companhia e a mesma política”, enfatizou. Ela lembrou que, nos últimos nove meses, houve quatro reajustes dos combustíveis. “Se não fosse pela desvalorização do câmbio, nós teríamos tido uma convergência muito mais próxima com as cotações internacionais”, completou.

» Venda descartada nos EUA

A Petrobras anunciou que desistiu de vender a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que estava no plano de desinvestimento da empresa. A presidente da estatal, Graça Foster, chegou a afirmar que “outras refinarias também estão na iminência de sair” (do plano), mas não citou nomes. No ano passado, as vendas de ativos no exterior engordaram o caixa da companhia em US$ 4 bilhões. A meta para esse ano é abrir mão do equivalente a US$ 9,9 bilhões