Título: Nem contra nem a favor
Autor: Mello, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2013, Política, p. 6

No esforço para garantir o apoio do PSDB de São Paulo à sua candidatura à presidência, Aécio Neves se reúne com Serra por três horas. Mas paulista não promete nada, nem nega

Paulo Tarso de Lyra

Para tentar contornar a resistência do PSDB paulista a sua indicação para o cargo de presidente nacional do partido, o senador e pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2014, Aécio Neves, passou os dois últimos dias tentando costurar alianças com os principais líderes da legenda no estado. Na noite de segunda-feira, ele se reuniu durante cerca de três horas, em São Paulo, com o ex-governador José Serra (PSDB). Ontem, recebeu, em seu gabinete em Brasília, o governador Geraldo Alckmin, que convidou o senador para visitar o Palácio dos Bandeirantes na próxima segunda-feira, antes do evento do PSDB que deve lançar Aécio candidato a presidente e ao comando do partido.

Na conversa com Aécio, Serra não exigiu cargos nem insistiu pelo comando da legenda, mas também não prometeu nada nem fez juras de amor ao tucano mineiro. E avisou que não vai participar do evento da segunda, pois estará nos Estados Unidos, para um compromisso agendado anteriormente. Já o encontro com o governador foi considerado positivo. A avaliação é que Alckmin, para assegurar mais um mandato como governador, precisa trazer Serra para o lado de Aécio.

Bem votado na capital, Serra pode atrapalhar os planos de Alckmin se abandonar a legenda. O senador e o governador deixaram o encontro afirmando que, até maio, data da convenção do PSDB que vai escolher a nova direção, vão encontrar uma saída para eleger uma “boa direção partidária”. Em relação à participação de Serra, Aécio disse ter “total confiança” de que ele estará com o partido “na construção de um discurso alternativo ao modelo que está aí”.

Segundo o senador, ele nada impôs nem exigiu qualquer condicionante. “As coisas vão se acertando. Eu percebi o Serra com os mesmos objetivos que nós. Estaremos juntos, e o PSDB de São Paulo será protagonista desse processo, através do trabalho que será feito pelo governador Alckmin, por Serra e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, assegurou.

Movimento Aécio negou que Serra esteja disposto a se filiar ao PPS e apoiar, em 2014, uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao Palácio do Planalto. “Serra conversa com muita gente. Mas não há nenhum sinal de que ele vá (para o PPS). Não vejo nenhum movimento que o distancie do PSDB. Temos o mesmo objetivo em comum, de apresentar uma alternativa”, disse Aécio.

Independentemente da posição de Serra, o senador deu pistas de que sua indicação para comandar o partido é irreversível. “Essa discussão não foi minha. Foi iniciada pelo Fernando Henrique Cardoso e pelo Sérgio Guerra (deputado federal por Pernambuco e atual presidente do PSDB) e acabou ganhando forma, com apoios e adesões de outros companheiros. Tenho recebido muitos estímulos e essa construção está sendo feita. No tempo certo, teremos o resultado esperado. Ainda faltam dois meses para as eleições internas.” A proposta do partido é entregar para os aliados de Serra o cargo de secretário-geral.

Ideli reparte o bolo A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, comemorou ontem seu aniversário no cafezinho do Senado Federal. Acompanhada majoritariamente por parlamentares petistas, Ideli prestigiou o presidenciável tucano Aécio Neves (MG), a quem deu o segundo pedaço de bolo. O primeiro foi para o líder do governo na Casa, Eduardo Braga. Depois do parabéns, a ministra comentou a proposta feita pelos governadores de incluir as contribuições CSLL e Cofins na divisão do Fundo de Participação dos Estados (FPE) “A inclusão da Cofins desestabiliza a questão da seguridade. Isso não é algo que pode ser feito sem conseqüência”, defendeu.