Título: Dilma convida PR para reassumir Transportes
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 21/03/2013, Política, p. 6

Dois anos após Alfredo Nascimento ser defenestrado do posto por denúncias de corrupção, o Partido da República deve voltar ao ministério com o deputado mineiro Jaime Martins

A presidente Dilma Rousseff deve oficializar hoje à tarde o convite para que o deputado Jaime Martins (PR-MG) assuma o Ministério dos Transportes no lugar de Paulo Sérgio Passos. O retorno do PR ao governo vai ser selado no encontro que Dilma terá com o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), no Palácio do Planalto. Martins tornou-se o favorito para ocupar o cargo como uma maneira de amarrar o PR mineiro ao projeto de reeleição da presidente. Uma indicação para impedir que a legenda seja seduzida pelo PSDB.

Além disso, Martins tem bom trânsito no setor. Empresário, integra a Comissão de Viação e Transporte da Câmara e tem boa interlocução com integrantes do governo, como o secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Maurício Muniz Barretto. Por fim, conta com o apoio do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, provável candidato do PT ao governo de Minas, que já está em busca de aliados no plano estadual.

Apesar da reconquista do Ministério que o PR perdeu há quase dois anos, na esteira da faxina ética promovida pela presidente no primeiro ano de mandato, Alfredo Nascimento estava cauteloso na tarde de ontem. Aos jornalistas, dizia apenas que levará ao Palácio do Planalto uma lista com alguns nomes para o cargo, cabendo a Dilma a tarefa de decidir quem nomeará para a vaga.

Na provável lista, também aparecem os nomes do senador Antonio Carlos Rodrigues (SP) e do deputado Luciano Castro (RR). O primeiro disse ter ouvido relatos da própria presidente de que “há paulistas demais na Esplanada”, o que reduziria suas chances. Também pesa contra ele o fato de ser muito próximo do atual secretário-geral do partido, deputado Valdemar Costa Neto (SP), condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão. Já Luciano não é visto com bons olhos pelo governo, apesar da familiaridade com o setor.

Um parlamentar do PR avisou que não ficaria surpreso se o nome do senador Blairo Maggi (MT) voltasse à lista de ministeriáveis. Dilma simpatiza com ele, já ofereceu-lhe a vaga mais de uma vez, mas o senador recusou, alegando questões empresariais. Dentro do PR, Maggi é visto como personalista, o que diminuiria o apoio ao seu nome. Seria uma tentativa de o partido não ficar “amarrado” a Dilma no ano que vem. Nascimento nega. “Vamos conversar com a presidente. Estamos há dois anos fora do governo, podemos ficar mais um tempo. Mas se o PR voltar, não há como não estarmos junto com a presidente em 2014, independentemente do nome que ela escolher”, garantiu o presidente do partido.

Alfredo terá mais um encontro com a presidente, que interessa diretamente ao governo e ao PT. Com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), o ex-ministro está articulando uma grande aliança de partidos, que inclui o PDT de Amazonino Mendes e o PT amazonense, para concorrer ao governo estadual no ano que vem.

O governo federal sempre teve vida fácil na Região Norte, partindo nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010 com um patamar de votos superior a 1 milhão, dando condições de compensar eventuais perdas em São Paulo e Minas Gerais. Mas o PSDB conseguiu importantes vitórias locais, como a eleição de Arthur Virgílio para a prefeitura de Manaus e de Zenaldo Coutinho para a de Belém. E o partido já comanda o Pará, com Simão Jatene.

Nascimento também acertou que Antonio Carlos Rodrigues será o futuro secretário-geral do partido, no lugar de Valdemar Costa Neto. A troca vai ser efetivada assim que o STF encerrar oficialmente o julgamento do mensalão e publicar os acórdãos com a sentença.