O globo, n. 31847, 16/10/2020. Sociedade, p. 15

 

Estados pedem que ministério compre vacina chinesa

Ana Letícia Leão

16/10/2020

 

 

Governo de São Paulo argumenta que CoronaVac é o imunizante mais avançado em fase final de testes no Brasil

 O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) solicitou, em carta enviada ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que o governo federal comprasse doses da vacina chinesa contra o coronavírus, ConoraVac, produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, e incluí-lo no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O documento foi enviado ontem, após reunião virtual na véspera com secretários estaduais de saúde, que discutiram um possível plano nacional de imunização contra a Covid-19. Até então, o Ministério da Saúde apoiou acordos para comprar a vacina da AstraZeneca, em parceria com a Oxford University, no Reino Unido, e Covax, consórcio global contra o vírus.

As duas parcerias somam mais de 140 milhões de doses do imunizador contra o novo coronavírus. Porém, ainda não há sinal da pasta em relação ao CoronaVac:

“O Ministério da Saúde está constantemente avaliando novas possibilidades e continua em contato com o Butantan e outros Institutos Nacionais que buscam parcerias com laboratórios estrangeiros” ”, afirmou a pasta em nota.“ O imunizante que fica pronto primeiro - o que significa atender a toda segurança e critérios de eficácia exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - será uma opção de aquisição ”.

 CONSTRANGIMENTO

No documento, o Conass afirma que existe a possibilidade de “disponibilidade imediata” das doses do CoronaVac já em dezembro. Além disso, preconiza a incorporação de imunizantes que tenham “condições de eficácia, segurança e disponibilidade de produção” para iniciar a vacinação em janeiro de 2021.

Presente na reunião do Ministério da Saúde sobre imunização contra a Covid-19, o secretário de saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que a não inclusão do CoronaVac no PNI causou "constrangimento para todos". O governador João Doria disse que irá a Brasília para uma conversa "definitiva" sobre um repasse do ministério para a compra de 60 milhões de doses do CoronaVac já previstas em contrato.

CoronaVac encerra esta semana a fase final de testes em voluntários. Até o momento, os estudos não mostram efeitos adversos significativos da vacina e a expectativa é chegar 6 milhões de doses do imunizante ao Instituto Butantan, ainda este mês, prontas para serem utilizadas, caso o imunizante receba a aprovação da Anvisa.

Doria diz que a vacinação dos Profissionais de Saúde - grupo prioritário - pode começar já em 15 de dezembro. Depois disso, 40 milhões de doses serão feitas no Brasil até dezembro e outras 14 milhões até fevereiro do próximo ano.