O globo, n. 31848, 17/10/2020. País, p. 12

 

PF e TSE dizem ter instrumentos contra fake news

Isabella Macedo

17/10/2020

 

 

Presidente do Tribunal e Ministro da Justiça afirmam que a polícia terá novos programas para identificar crimes na internet

O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, disse ontem, explicando o Plano Integrado de Segurança para as eleições deste ano, que a Polícia Federal (PF) possui instrumentos para identificar divulgadores de notícias falsas. O ministro também pediu que os cidadãos cooperem com o processo eleitoral. —O nosso pedido é que todos os cidadãos, todas as pessoas, colaborem para a suavidade do processo eleitoral. O exercício da cidadania pressupõe isso, ou seja, que grupos que querem se organizar para divulgar falsas notícias não o façam, porque se o fazem e há um indício que chega à Polícia Federal dessa situação, hoje a PF tem o condição de detectar a origem, os participantes e, para esclarecer as investigações, iniciar um processo criminal perante a própria justiça eleitoral - disse Mendonça.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (Tse), ministro Luís Roberto Barroso, destacou que o TSE está engajado no no combate as fakenews e disse ter ficado feliz com a declaração de Rolando Alexandre de Souza, diretor da PF. —Estamos muito comprometidos com esse confronto e com alegria tive a notícia do Diretor-Geral da Polícia Federal de que a PF já possui programas capazes de identificar, em muitas situações, qual é a origem da divulgação de notícias falsas - disse Barroso . Apesar do otimismo demonstrado, nenhum deles deu muitos detalhes sobre as ferramentas de identificação de conteúdo falso. O ministro da Justiça afirmou que os estados organizaram matrizes para identificar onde há maior risco de ocorrência de crimes eleitorais e citou alguns dos mais frequentes, como urna eleitoral e compra de votos. Ministro Barroso, quem elogiou o sistema, também destacou outros tipos de crimes, como os envolvendo milícias, ocorridos recentemente na Baixada Fluminense. - Acho que a segurança pública está se preparando para enfrentar não só os crimes analógicos tradicionais, que são os crimes de urna, de compra de votos, de transporte de eleitores, mas temos outros problemas sérios que precisam ser monitorados e enfrentados, como como crimes relacionados ao processo eleitoral, crimes de ameaça, eleitores coagidos por milícias e, sobretudo, o grande fenômeno de nosso tempo que é o crime via internet. Questionado sobre o risco de ataques de milícias e assassinatos de candidatos, como os ocorridos recentemente na Baixada Fluminense, André Mendonça disse que o trabalho da PF em relação às milícias é feito independentemente das eleições. - Posso dizer que o combate ao crime organizado e às milícias é uma prioridade deste Ministério da Justiça. Não só nas eleições - afirmou o ministro.

Nesta semana, uma ação da Força-Tarefa da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal interceptou um trem de milicianos ligado a Danilo Dias, Danilo Tandera, homem de confiança da milícia mais procurada do Rio, na Baixada Fluminense. Na ação, policiais da Coordenação de Recursos Especiais (Núcleo), em ação conjunta com a PRF, foram agredidos pelos suspeitos, que portavam rifles, metralhadoras e pistolas. Doze suspeitos morreram no confronto. A Polícia Civil criou essa força-tarefa voltada para a Baixada Fluminense para garantir que o pleito seja livre e seguro, depois que dois candidatos a vereador foram assassinados em Nova Iguaçu em menos de 15 dias. Os crimes levaram a polícia a antecipar a atuação do grupo. Mendonça encontrou-se com Barroso para apresentar o plano e o sistema de segurança para as eleições deste ano, que deve ser atualizado em tempo real por todos os 26 estados em que haverá uma eleição. No Distrito Federal, as eleições ocorrem apenas a cada 4 anos, coincidindo com as eleições estaduais.