O globo, n. 31848, 17/10/2020. Economia, p. 31

 

Acerto Mercosul-UE pode elevar PIB em R$ 500 bi

Janaina Figueiredo

Eliane Oliveira

17/10/2020

 

 

Projeção do governo é para um horizonte de 15 anos. Politica ambiental de Jair Bolsonaro, no entanto, põe em risco implementação do entendimento, por causa das críticas feitas por vários países europeus

O Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que é uma das prioridades da política externa do governo Jair Bolsonaro, pode trazer um ganho adicional de R $ 500 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em um período de 15 anos, apontam projeções da equipe econômica. Mas sua implementação é ameaçada pela forma como o governo tem tratado a questão ambiental, alvo de críticas de países e instituições europeias, que condicionaram até a assinatura e aprovação final do acordo a resultados concretos na preservação do meio ambiente. Tentando reduzir os danos, depois de o Parlamento Europeu ter recomendado que o acordo não fosse aprovado 'tal como está', a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve esta semana no Porto. O país assumirá a presidência rotativa da UE no próximo ano. O governo tem todo interesse em obter a aprovação da UE: além do aumento do PIB, estima-se que, em 15 anos, o intercâmbio comercial (exportações e importações) aumentaria em R $ 1 trilhão, e o volume dos investimentos europeus no Brasil cresceriam R $ 450 bilhões. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que, sem o acordo, o Brasil deixará de exportar US $ 9,9 bilhões em produtos industriais que seriam beneficiados com a redução tarifária. Isso poderia aumentar as vendas para o mercado europeu em 23,6% em dez anos. o intercâmbio comercial (exportações e importações) aumentaria em R $ 1 trilhão, e o volume de investimentos europeus no Brasil aumentaria em R $ 450 bilhões. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que, sem o acordo, o Brasil deixará de exportar US $ 9,9 bilhões em produtos industriais que seriam beneficiados com a redução tarifária. Isso poderia aumentar as vendas para o mercado europeu em 23,6% em dez anos. o intercâmbio comercial (exportações e importações) aumentaria em R $ 1 trilhão, e o volume de investimentos europeus no Brasil aumentaria em R $ 450 bilhões. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que, sem o acordo, o Brasil deixará de exportar US $ 9,9 bilhões em produtos industriais que seriam beneficiados com a redução tarifária. Isso poderia aumentar as vendas para o mercado europeu em 23,6% em dez anos.

Se a resistência ao acordo for mantida, os empresários brasileiros ainda perderão preferências em relação a outros fornecedores que têm vantagens em acordos já firmados com europeus. Dados do Ministério da Economia mostram que a área de livre comércio entre o Mercosul UE valerá mais de US $ 20 bilhões - cerca de um quarto da economia mundial - e um mercado de 750 milhões de consumidores.

 O AGRONEGÓCIO GANHA MAIS

Alguns analistas estão mais cautelosos e consideram que após 20 anos de discussões, o Mercosul alcançou menos do que o esperado. Há dúvidas sobre a dimensão e qualidade dos futuros novos investimentos e os ganhos reais em termos de mais espaço no mercado europeu.

O governo continua otimista e acredita no progresso até meados do próximo ano, apesar da crescente oposição da França, Irlanda e Holanda. A Alemanha, um ator-chave na UE, é a favor, mas não usou seu mandato na presidência do bloco para impulsionar a aprovação do acordo. Para os analistas, quando a Alemanha decidir pisar no acelerador, isso convencerá os franceses. 

- Este é o maior acordo da UE, em um momento de fechamento de mercados. Para o Mercosul e o Brasil, é importante não só para bens e serviços, mas também para atrair investimentos e acelerar reformas internas - disse o negociador-chefe do Itamaraty, Pedro Miguel da Costa e Silva. - Os que defendem o impedimento do acordo de preservação da Amazônia, no fundo, estão atirando no pé. O documento está sob revisão legal. Em seguida, será submetido ao Conselho Europeu, se aprovado, assinado. O próximo passo é a votação no Parlamento Europeu (e cada um dos 27 países da UE). Obtida a luz verde, será a vez das votações no Mercosul. Passando no Congresso Brasileiro, terá validade no país. Por Giorgio Romano Schutte, membro do Observatório de Política Externa e integração Internacional e professor de relações internacionais e economia da Universidade Federal do ABC, a UE ganha mais que o Mercosul: - foi na agricultura que o Brasil mais lucrou, mas mesmo assim as ofertas ficaram abaixo do esperado. Para Andreia Hoffmann, do Instituto de Relações Internacionais da Puc / Rio, o acordo vai acentuar nosso perfil como país agroexportador:

- Que impacto isso terá, por exemplo, nas mudanças climáticas? Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Núcleo de Economia e Tecnologia Industrial (Neit) da Unicamp, questiona o tipo de investimentos que o Brasil receberá - - na última década, os investimentos estrangeiros não mudaram o perfil da nossa indústria. Hoje existe uma assimetria de competitividade entre o Brasil e as indústrias europeias e asiáticas. No que diz respeito aos benefícios para o agronegócio brasileiro, Fernanda Franco, pesquisadora do Centro de Direito Global e Desenvolvimento da Fundação Getulio Vargas, considera positiva a tentativa de vincular o comércio ao desenvolvimento sustentável: - O Brasil é o maior produtor de agrotóxicos do mundo ... temos a capacidade de melhorar a qualidade dos nossos produtos, mas não os investimentos necessários.