Título: Reeleição à parte
Autor: Kleber, Leandro; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 22/03/2013, Política, p. 6

Empossado oficialmente ontem no Ministério do Trabalho em solenidade que não contou com a presença do ex-ministro Brizola Neto (PDT-RJ), o novo chefe da pasta, Manoel Dias (PDT-SC), disse que sua nomeação não significa apoio do partido à reeleição da presidente Dilma. “A mudança (ministerial) pode até ser visando as eleições. Mas (o apoio) não é natural e automático. Nós estamos no governo hoje em decorrência do apoio que demos à presidenta Dilma nas eleições passadas. 2014 é outra eleição”, avisou. De acordo com Dias, se o partido se sentir atendido no governo petista e as políticas públicas de emprego forem implementadas como ele pretende, a sigla vai apoiar a campanha de reeleição.

O ministro anunciou que pretende nomear pessoas que trabalharam durante a administração de Carlos Lupi, presidente da legenda derrubado da pasta em meio a denúncias de irregularidades e outra ausência notada na solenidade. “Maneca”, como é conhecido o novo ministro, afirmou que vai escalar o ex-secretário-executivo do ministério Paulo Roberto do Santos para retomar o cargo.

Homem de confiança de Lupi, Paulo Roberto dos Santos, que estava presente à solenidade, assumiu o comando do Ministério do Trabalho em dezembro de 2011 e atuou como um emissário de Lupi, forçado a abandonar o posto de ministro por conta de denúncias de favorecimento. Paulo Roberto permaneceu como ministro até abril do ano passado, quando Brizola Neto assumiu a chefia do órgão. Em franca disputa com Lupi pelo controle do partido, Brizola começou um processo de redução da influência de seu desafeto dentro do ministério, o que acabou levando à exoneração de Paulo Roberto do posto de secretário executivo um mês depois.

“Estou nomeando-o (Paulo Roberto) porque é competente e vai atender as demandas do ministérios e a mim. Como disse, não posso mais fazer bobagem (pela idade que tenho). Não posso correr nenhum risco de amanhã ser dito que fiz mal feito”, afirmou. Apesar das disputas internas, o novo ministro nega que o partido esteja dividido. Segundo ele, há divergências e posições diferenciadas. “É meu dever, pela posição que ocupo, pacificar e agregar”.

Coube ao atual secretário executivo da pasta, Marcelo Aguiar, representar o ministro que se despede. Sem polemizar a ausência do ex-ministro, Dias disse apenas ter conhecimento que Brizola estava em uma viagem e, por isso, determinou a ele a função da transferência de cargo.

O novo ministro também voltou a defender o amigo Lupi, a quem diz ser fiel. “A população vai ver que ele foi um bom ministro. Não posso negar a minha amizade porque alguém acha que ele errou. Eu acho que ele não errou e sofre uma injustiça muito grande. Os órgãos de controle e fiscalização não têm nenhum processo contra ele”, afirmou.

Ele aposta que o Brasil pode gerar, neste ano, 2 milhões de empregos “Essa é a meta do governo. Teremos crescimento econômico e a indústria está se recuperando”, disse. O orçamento da pasta é superior a R$ 63 bilhões, um dos maiores da Esplanada.

R$ 63 Bilhões Orçamento do Ministério do Trabalho para 2013