Título: Mantega vê quadro cor-de-rosa
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 22/03/2013, Economia, p. 17

O governo está otimista quanto à retomada, em bases mais fortes, do comércio externo, que patina ano a pós ano desde o estouro da crise financeira global. Nas palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, 2013 será "um pouco melhor" do que 2012, quando "praticamente não houve crescimento do mercado internacional". Na verdade, segundo números citados pelo próprio ministro, houve um pequeno avanço de 0,7% no ritmo das trocas feitas entre países, um desempenho relativamente próximo ao registrado pelo Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que se expandiu apenas 0,9% em 2012.

Em apresentação feita a senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Mantega citou uma projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), para o qual haverá alta de 3,9% nas transações internacionais neste ano. Embora positivo, o número é ainda bastante inferior ao observado em 2010 e 2011, quando o comércio global teve altas expressivas de 19% e de 17,8%, respectivamente.

No cenário imaginado pelo ministro, a nuvem de incertezas que ainda paira sobre a Europa deverá se dissipar com mais força em 2013. Para Mantega, o bloco europeu permanece "combalido". Entretanto, enseja menos preocupações do que em 2012, "quando havia um risco muito grande de ruptura". "Hoje, ao meu ver, esse risco está descartado", assinalou o ministro.

Na apresentação feita à CAE, Mantega não fez qualquer menção à possível quebra do sistema bancário do Chipre, que está à beira de um colapso. O pequeno país europeu, de menos de 1 milhão de habitantes tem deixado de cabelos em pé investidores ao redor do mundo, ao declarar possuir dívidas que chegam a 87% do PIB local. Caso não seja socorrido, Chipre poderá lançar a Europa sobre a mesma onda de instabilidade que países como Grécia e Espanha causaram em 2012. Na ocasião, disse Mantega, o mundo todo teve problemas, "mas o Brasil menos, até por ser um pouco mais fechado (para o comércio externo)", mencionou.