Correio braziliense, n. 20998, 20/11/2020. Brasil, p. 5

 

120 milhões de doses desembarcam em SP

Bruna Lima 

Maria Eduarda Cardim 

20/11/2020

 

 

O Brasil recebeu, ontem, a primeira remessa de toda a América Latina de uma potencial vacina contra a covid-19. São 120 milhões de doses da CoronaVac desembarcadas em São Paulo, apesar de ainda não ter sido concluída a fase três dos estudos clínicos, etapa necessária para a homologação antes de estar habilitada para ser oferecida à população. O presidente do Institito Butantan — que participa do desenvolvimento do imunizante —, o médico Dimas Covas, descreveu a chegada do medicamento como um motivo de "enorme orgulho" e um "fato simbólico".

Segundo o médico, com a vacina disponível no Brasil "os resultados dos estudos clínicos poderão aparecer muito rapidamente". Mas, enquanto não há liberação para aplicação, as doses ficarão armazenadas a uma temperatura de 8 graus negativos. "Associando a disponibilidade da vacina com os resultados dos estudos clínicos, poderemos submeter o processo a registro na nossa Anvisa", salientou.

O plano é ter 60 milhões de doses até fevereiro de 2021, sendo que, nos próximos 40 dias, já serão 46 milhões de doses disponíveis, segundo o governo de São Paulo. Caso as tratativas junto ao governo federal tenham sucesso, o Butantan pretende disponibilizar 100 milhões de doses ainda no primeiro semestre de 2021.

"O objetivo principal é o fornecimento para o Programa Nacional de Imunização (PNI). Estamos trabalhando nessa perspectiva. A disponibilidade e o registro da vacina vão permitir que o Ministério da Saúde a incorpore, o que seria a solução ideal e necessária", frisou Covas.

Já o governador de São Paulo, João Doria, ressaltou que não está em uma corrida pelo imunizante, mas sim pela vida. "São Paulo quer, sim, a vacina do Butantan, mas quer, também, as outras vacinas que, seguindo o protocolo internacional, e também da Anvisa, possam ser aprovadas, compradas pelo governo federal e distribuídas gratuitamente para imunização da população", garantiu.

Ele ainda reforçou que não se pode "perder tempo com burocracia ou discussões inúteis de ordem política, eleitoral e ideológica". "Não é justo, não é correto, não é humanitário, não é solidário que discussões de ordem política se sobreponham à vida e à existência", exortou.

Somente nesta semana, o ministério se reuniu com cinco empresas responsáveis por potenciais vacinas contra a covid-19: Pfizer, Janssen, Sputnik, Moderna e Covaxin. "O que deve decorrer, a partir dessas reuniões, será um memorando de entendimento não vinculantes para possíveis futuras aquisições", afirmou o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco.