Título: Ajuda à Jordânia
Autor: Valente, Gabriela Freire
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2013, Mundo, p. 20

Em visita à Jordânia, última escala da viagem ao Oriente Médio, o presidente Barack Obama expressou preocupação com a possibilidade de a Síria, onde as forças do regime de Bashar Al-Assad combatem opositores armados há mais de dois anos, transformar-se em refúgio para terroristas. “Estou muito preocupado, porque os extremistas prosperam em uma situação de caos, prosperam na ausência de poder”, declarou Obama. Recebido em Amã pelo rei Abdullah II, o presidente americano prometeu solicitar ao Congresso US$ 200 milhões para dar assistência à Jordânia no acolhimento de refugiados sírios. Segundo o presidente, os fundos devem ser destinados aos serviços humanitários mais urgentes. “É de partir o coração de qualquer pai ver as crianças passando por esses problemas”, lamentou Obama.

Autoridades locais estimam que o reino já recebeu mais de 460 mil sírios. Em várias ocasiões, a Jordânia pediu ajuda à comunidade internacional para lidar com o problema. Até o fim deste ano, o total de refugiados no país pode chegar a 700 mil, segundo estimativas. Questionado sobre até quando continuaria a recebê-los, Abdullah II afirmou que não é capaz de “virar as costas a mulheres, crianças e feridos”.

Em resposta ao atentado suicida da véspera em Damasco, no qual morreram um importante clérigo sunita pró-regime e mais 48 pessoas, o presidente sírio, Bashar Al-Assad, prometeu “limpar” o país daqueles que considera “extremistas”. “Dou os pêsames ao povo sírio pelo martírio do xeque Mohammad Said Al-Bouti, grande personagem da Síria e do mundo islâmico”, declarou Assad, em mensagem divulgada na noite do atentado.

Condenação O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou “nos mais fortes termos” o ataque à mesquita em Damasco. No entanto, o órgão máximo da ONU alertou para o fato de que o combate ao terrorismo deve obedecer às normas internacionais sobre direitos humanos e refugiados. Moaz Alkhatib, um dos líderes da oposição ao regime sírio e ex-pregador da mesquita atingida, disse que assassinar um sacerdote muçulmano em um santuário religioso “é um crime em todos os sentidos da palavra”. “Podemos não concordar com Bouti politicamente, mas sua morte abre as portas para um mal que só Deus conhece”, disse Alkhatib em um comunicado.

Líbano fica sem governo Os desdobramentos locais da guerra civil na Síria derrubaram ontem o governo do vizinho Líbano, que viveu um conflito de origem sectária entre 1975 e 1990. O premiê Najib Mikati apresentou a renúncia coletiva do gabinete, cujo motivo imediato foi a impossibilidade de aprovar a composição de uma comissão encarregada de supervisionar as eleições de junho. A profunda divisão entre as comunidades religiosas libanesas resultou em um sistema político peculiar, no qual o cargo de presidente cabe sempre a um cristão maronita e o de premiê a um muçulmano sunita. Os xiitas, hoje a maior das confissões, presidem o parlamento, em que as cadeiras são distribuídas entre as comunidades em número fixo. O gabinete de Mikati tinha como principal força política o partido xiita Hezbollah, aliado do regime sírio.