Valor econômico, v. 21, n. 5135, 25/11/2020. Brasil, p. A5

 

Expectativa é que não seja preciso prorrogar auxílio para 2021, diz Bolsonaro

Fabio Murakawa

25/11/2020

 

 

Para presidente, é sinal de que a economia vai pegar e não haverá novos confinamentos

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta ontem espera que não seja necessário prorrogar o auxílio emergencial pago a pessoas vulneráveis desde o início da pandemia.

Esse debate vem ganhando força no governo e no Congresso, em meio a uma provável segunda onda da covid-19 no país e ao impasse quanto à criação de um programa social bolsonarista para substituir o Bolsa Família.

“A gente se prepara para tudo, mas tem que esperar certas coisas acontecer. Mas esperamos que não seja necessário [prorrogar o auxílio”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada. “Espero que não seja necessário, porque é sinal de que a economia vai pegar e não teremos novos confinamentos no Brasil.”

Bolsonaro recordou que jamais apoiou a ideia do “confinamento”, referindo-se a medidas de isolamento social impostas por prefeitos e governadores para desacelerar a velocidade de contágio.

Em abril, o Supremo Tribunal Federal decidiu que caberia a prefeitos e governadores decidir sobre essas medidas, que já sofriam a oposição de Bolsonaro preocupado com a economia.

“Desde o começo eu nunca apoiei essa ideia do confinamento, fui pelo isolamento vertical”, afirmou Bolsonaro, referindo-se ao isolamento somente de pessoas do chamado grupo de risco da doença, contestada por médicos. “Mas infelizmente, a decisão coube a governadores e prefeitos.”

O auxílio emergencial, criado em abril, ajudou a impulsionar a popularidade do presidente, que adotou uma condução polêmica do país durante a pandemia.

Durante a crise, o presidente promoveu aglomerações, participou de manifestações contra o STF e o Congresso e tentou sabotar medidas de restrição à atividade econômica declarando serviços como salões de beleza e cabeleireiros como “essenciais” - ou seja, que em tese podem permanecer abertos na pandemia.

Munido de um “Orçamento de Guerra” para enfrentar os impactos da doença, o governo Bolsonaro pagou cinco parcelas mensais de R$ 600 e terá pago outras três parcelas de R$ 300, quando se encerrar a permissão para que tenha um orçamento paralelo para gastos com a covid.

Confrontado com dados que apontam o aumento recente no número de internações causadas pelo coronavírus no país, Bolsonaro já chegou a chamar a segunda onda de “conversinha”.

“Se não fosse toda aquela quantidade de auxílio que nós fizemos, entre eles o emergencial, realmente a economia teria quebrado no Brasil”, afirmou Bolsonaro aos apoiadores. “Então, realmente eu espero que não seja necessário e que o vírus esteja realmente de partida no Brasil.”