Valor econômico, v. 21, n. 5135, 25/11/2020. Política, p. A8

 

Cresce o número de crimes de violência contra candidatos

Isadora Peron

25/11/2020

 

 

Levantamento do TSE mostra que a quantidade de homicídios e de tentativas de assassinato chegou a 100 em 2020

A violência por motivação política aumentou nas eleições municipais deste ano. De acordo com dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram registrados 264 crimes de violência contra candidatos ou pré-candidatos. No pleito de 2018, este número foi 46.

O levantamento mostra que a quantidade de homicídios e de tentativas de assassinato chegou a 100 em 2020. Esse tipo de crime acelerou na reta final da campanha. De janeiro a agosto, havia 27 registros. Somente em novembro, foram 49.

O tema foi abordado pelo presidente TSE, ministro Luís Roberto Barroso, em um vídeo divulgado nas redes sociais. “Há um problema para o qual eu gostaria de chamar atenção da sociedade. Trata-se da violência política, da violência por motivação política. Os crimes eleitorais, é bem verdade, diminuíram, como boca de urna, compra de voto, transporte ilegal de eleitoral. Mas crimes como homicídios, tentativas de homicídio, ameaças relativamente a candidatos aumentaram.”

Barroso defendeu que “a violência é incompatível com a democracia”: “É preciso jogar limpo e civilizadamente. Os órgãos de segurança pública estão vigilantes em relação a atuação do crime organizado.”

São Paulo e Rio foram os Estados com mais registros desses crimes, com mais de dez homicídios consumados ou tentados. Também foram registrados 146 casos de ameaças e 18 registros de lesão corporal.

No vídeo divulgado, Barroso também chamou atenção para crimes de discriminação de gênero, sofridos por mulheres candidatas.

“Há uma violência que merece destaque, que é a violência de gênero. Os ataques físicos ou morais às mulheres que são candidatas. Tivemos um aumento no número de mulheres eleitas nas últimas eleições, em primeiro turno, e temos mais de 50 mulheres candidatas a prefeitas e vice-prefeitas agora no segundo turno. Esse tipo de agressão física ou moral é pior que machismo, é covardia”, disse.

O presidente do TSE defendeu uma maior participação das mulheres na política. “Nós precisamos de mais mulheres na política e precisamos enfrentar essa cultura do atraso, da discriminação, do preconceito, da desqualificação. precisamos de mais mulheres na política, elas podem e o Brasil precisa.”