Título: Impasse com índios continua
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Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2013, Brasil, p. 6
Parte dos índios que foram removidos da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro, na última sexta-feira, ainda não tem destino para ficar. Além de recusar as opções oferecidas pelo governo estadual, ontem eles também não aceitaram, durante audiência de conciliação realizada na Justiça Federal, proposta feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai) de hospedagem em um albergue na Glória, Zona Sul do Rio, pelos próximos quatro dias.
Ao todo, 21 índios que optaram por não ir aos alojamentos provisórios montados pelo governo em Jacarepaguá, onde será construído o Centro de Referência da Cultura Indígena, e ao antigo prédio do Laboratório Nacional de Agricultura Agropecuária (Lanagro), do lado da Aldeia Maracanã, resolveram ficar em casas de amigos. O impasse começou na sexta-feira depois que a Polícia Militar, cumprindo ordem judicial, retirou índios e manifestantes da Aldeia Maracanã numa ação considerada truculenta. O prédio desocupado será reformado e dará lugar ao Museu Olímpico.
Ontem, o juiz federal Wilson Witzel realizou uma audiência com os indígenas que, expulsos do local, passaram a ocupar, desde a tarde de sábado, o atual Museu do Índio, no bairro de Botafogo. Eles foram levados como testemunhas após serem retirados pacificamente do museu na manhã de ontem. A polícia teve de isolar a Rua das Palmeiras para negociar a saída deles e dos manifestantes, um grupo de aproximadamente 60 pessoas.
Conciliação
Um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi intimado a comparecer à audiência, que tinha como objetivo tentar uma conciliação entre os indígenas. O juiz Wilson Witzel chegou a visitar o antigo prédio do Laboratório Nacional de Agricultura Agropecuária (Lanagro) para ver se havia condições de moraria. Porém, afirmou que o local está mais para um canteiro de obras e oferece risco, principalmente, às crianças.
Os indígenas acusam a Funai de não prestar assistência desde o início da polêmica. O ouvidor da Funai, Paulo Celso de Oliveira, negou a falta de ajuda, mas ressaltou que não são todos os casos envolvendo índios que a entidade tem de interferir. Ele participou da audiência ontem.
A disputa entre o governo e os índios começou no ano passado, após as autoridades anunciarem que o prédio da Aldeia Maracanã seria derrubado como parte das obras do complexo esportivo para dar lugar ao Museu Olímpico. Porém, o governo recuou depois de protestos, sob uma condição: se os índios deixassem o local. Pelo acordo, eles seriam levados para um terreno de dois mil metros quadrados, em Jacarepaguá, onde será erguido o Centro de Referência da Cultura Indígena. Parte deles não aceitou a proposta.Christophe Simon/AFPEm audiência de conciliação realizada pela Justiça Federal, ontem, no Rio de Janeiro, parte dos índios não aceitou as alternativas de hospedagem