O Estado de São Paulo, n.46306, 29/07/2020. Economia, p.B8

 

IBGE adia divulgação da Pnad Contínua do 2º trimestre

Vinivius Nader

29/07/2020

 

 

As dificuldades para fazer suas entrevistas com distanciamento social, por telefone, levaram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a anunciar ontem o primeiro adiamento da divulgação de uma pesquisa por causa da pandemia de covid-19. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mensal de junho, referente ao segundo trimestre, que traz os dados mais completos sobre mercado de trabalho e seria divulgada hoje foi adiada para a próxima quinta-feira, dia 6 de agosto.

Como os dados da Pnad Contínua são sempre trimestrais – a divulgação é mensal, referente a um "trimestre móvel" –, a edição da pesquisa referente ao segundo trimestre seria o primeiro retrato completo sobre como a covid-19 atingiu em cheio o mercado de trabalho.

Logo após o anúncio das primeiras medidas pelos governos estaduais, o IBGE anunciou, em 17 de março, a suspensão de entrevistas presenciais para coletar informações para suas pesquisas. Até o Censo 2020 foi adiado para 2021.

A adaptação da Pnad Contínua é complicada de todas. O IBGE tenta entrevistar 70 mil lares por mês, somando um total de 211 mil domicílios por trimestre, de cerca de 3,4 mil cidades de todo o País. Para dar conta do recado, são 2 mil entrevistadores em campo, treinados especificamente para fazer a pesquisa, geralmente usando um "tablet" ou equipamento similar. As entrevistas podem ser mais demoradas, as perguntas não são desenhadas para serem feitas por telefone, e a interação social entre entrevistador e entrevistado é importante.

Substituir isso por entrevistas por telefone não é simples, lembrou o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. Nem todos os entrevistados possuem telefone, alguns mudam de número com frequência, outros não atendem quando não reconhecem quem está fazendo a chamada, e muitos evitam passar o número: "Pessoas de estrato de renda mais baixa não dão o telefone porque não têm. As pessoas de estrato de renda mais rica não dão por questão de segurança."